Idoso e com problemas de memória

António Santos

O Departamento de Justiça da Casa Branca, controlado pelos Democratas, concluiu que não seria possível acusar criminalmente o presidente estado-unidense, Joe Biden, porque se trata de um «senhor idoso e bem-intencionado com problemas de memória». A discussão da fragilidade da saúde mental do chefe do Estado deixou de ser um passatempo de Republicanos e, subitamente, transformou-se no principal dilema dos seus adversários.

Apesar da enxurrada de editoriais que vieram pedir uma substituição serôdia de Biden, é quase certo que o presidente de 81 anos tenha mesmo de ser o candidato presidencial em Novembro: é demasiado tarde para apresentar um candidato em 80 por cento dos Estados; muitas dessas jurisdições não permitem aos eleitores escrever o nome do candidato no boletim de voto; a vice-presidente Kamala Harris é ainda mais impopular que Biden; a Convenção Democrata Nacional seria obrigada a mergulhar em primárias fratricidas a meio da campanha; a última vez que um Presidente em exercício anunciou que não se recandidataria foi o democrata Lyndon B. Johnson, em 1968, e essa experiência terminou com uma vitória de Nixon e, talvez mais significativamente, a campanha de Trump saberia espremer até ao último voto a desistência de Biden como a prova derradeira do desmérito da sua administração.

Além das gafes cada vez mais frequentes, a idade avançada de Biden introduz mais um elemento de volatilidade numa campanha eleitoral já explosiva, marcada pela possibilidade de Trump ser impedido de se candidatar ou ser preso, pela irresponsável escalada da guerra imperialista e por crescentes ameaças de não reconhecimento dos resultados eleitorais. O sistema político estado-unidense é hoje como o Departamento de Justiça descreve Biden: «idoso e com má memória», portanto incapaz de mudar e de evitar a repetição dos erros do passado, como os que levaram Johnson à presidência ( após o assassinato de Kennedy em 63) e a renunciar recandidatar-se (a continuação da guerra do Vietname). Idoso e de má memória, o sistema político estado-unidense está tão decrépito e senil que já só pode escolher entre Biden e Trump. Eis o retrato da «democracia americana».




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