O Secretário-Geral do PCP foi o último a intervir naquela noite e escolheu começar por uma caracterização do programa eleitoral, apresentado na tarde do dia anterior (ver páginas 15 a 19), um programa «fora da chuva de promessas» e repleto de «compromissos que só a CDU está em condições de assumir». «Um programa», acrescentou, «que faz as escolhas que se impõem». «Escolhemos pelos que trabalham, que produzem a riqueza, que trabalharam toda uma vida, pelos jovens, pelos imigrantes, pelos artistas, pelos intelectuais, pelos micro, pequenos e médios empresários e pequenos produtores agrícolas», estes que são, para o PCP, a «prioridade» e quem «merece e tem direito a uma vida melhor».

«Se estão de acordo que é preciso aumentar salários e pensões, acabar com a precariedade, salvar o SNS, garantir o direito à habitação, defender a escola e os serviços públicos, se estão contra a guerra e pela paz, se querem pôr o País a andar para a frente, então é aqui, com a CDU, que têm de estar», apelou.

Com a CDU só há uma cara

«Esta coligação é um espaço de convergência entre aqueles que, tendo em vista a construção de uma região melhor e de um País mais justo, unem forças e vontades com o objectivo de apresentar soluções concretas para a resolução dos problemas do povo e do País», começou por afirmar Fernando Teixeira, primeiro candidato da CDU no por aquele círculo eleitoral. «Apresentamo-nos a estas eleições», continuou, «com a garantia de que as gentes de Coimbra não nos conhecem de agora», pois a lista da CDU é composta por «homens e mulheres das mais variadas áreas profissionais e da vida pública, com reconhecida intervenção na região».

«Não chegámos agora, em período de campanha, para prometer aquilo que não fizemos durante décadas», salientou, acrescentado que aquilo que os candidatos da CDU dizem aos trabalhadores nos seus locais de trabalho é exactamente o mesmo que dizem e fazem na Assembleia da República. «Connosco só há uma cara, nem todos poderão dizer o mesmo», assumiu.

Força de confiança

«A CDU é uma coligação em que se pode confiar», assegurou Mário Nogueira, mandatário distrital da CDU, Secretário-Geral da FENPROF e o primeiro orador da noite. «Não diz que irá fazer agora o que não quis fazer antes e a confirmação disso está nas propostas que vem apresentando e nas propostas que renova para o futuro», completou.

Já Miguel Martins, da Comissão Executiva Nacional do PEV, salientou que o seu partido sempre foi, na Assembleia da República, «voz activa na defesa coerente da justiça ambiental e da justiça social». «É fundamental que esta voz determinada e consequente regresse ao parlamento para que a agenda ecologista seja marcante e constante, para que o ambiente seja priorizado e não negligenciado», afirmou.

Sobre a situação na Madeira

«O presidente do governo regional da Madeira demitiu-se. Mais uma vez afirmamos que é preciso que a justiça leve até ao fim o apuramento dos factos e que daí se extraiam todas as consequências criminais», observou Paulo Raimundo durante a sua intervenção. «Mais uma vez relembramos», continuou, «com a autoridade que temos, e só nós temos, e que há décadas afirmamos, que é preciso pôr fim à subordinação do poder político ao poder económico, pôr fim à promiscuidade, ao compadrio, às negociatas, às privatizações e no caso específico da Madeira, pôr fim à zona franca, à zona sem lei, a um dos maiores focos de corrupção».

«Este não é um problema da Madeira» advertiu, «este é um problema do sistema que é preciso afrontar». Para o PCP, segundo o Secretário-Geral, «este problema não se resolve com novos protagonistas com o objectivo de salvar o possível das opções erradas, este problema resolve-se com a alteração da política e colocar de uma vez por todas o poder económico de onde nunca deveria ter saído, subordinado ao poder político e democrático».

Sobre o mesmo assunto, já o PCP/Madeira tinha alertado que a realidade política, económica e social da Região está fortemente condicionada pelas opções do Governo Regional (de maioria PSD/CDS, com o apoio do PAN), que se tem empenhado em criar condições vantajosas para quem controla os sectores económicos na região, uma realidade que, acrescenta, «não é de agora».

Candidatos por Coimbra

No dia 23 de Janeiro, a CDU entregou a lista de candidatos pelo circulo eleitoral de Coimbra, encabeçada por Fernando Teixeira (29 anos, advogado). Manuela Santos (65 anos, professora), António Baião (60 anos, controlador de caixa), Teresa Costa (54 anos, mediadora de seguros), João Rodrigues (46 anos, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais dessa mesma universidade), Daniel Nunes (39 anos, professor e produtor cultural), Luísa Batista (22 anos, estudante de mestrado em Ensino Português e Inglês), Paulo Ferreira (60 anos, operário fabril), Carla Lopes (48 anos, enfermeira), Sérgio Dias Branco (46 anos, professor universitário), Vanda Pereira (39 anos, licenciada e mestre em Serviço Social), Francelina Cruz (63 anos, auxiliar de acção médica no CHUC), Rui Mendes (48 anos, advogado) e Fernando Moitas (53 anos, calceteiro) são os restantes candidatos da lista, que tem como mandatário Mário Nogueira (66 anos, professor do 1.º ciclo).

CDU reúne com funcionários judiciais

A CDU Coimbra reuniu, no dia 24, com o Sindicato dos Funcionários Judiciais, oportunidade para melhor conhecer vários dos problemas sentidos por aqueles trabalhadores, como a falta de espaço e as condições indignas das infra-estruturas dos actuais espaços da Justiça em Coimbra. Foram também destacadas várias reivindicações destes profissionais, como a conclusão da revisão do estatuto dos funcionários da justiça, o recrutamento de novos funcionários, a valorização da carreira e melhorias salariais.

A delegação da CDU foi composta por Fernando Teixeira e Rui Mendes, candidatos pelo círculo eleitoral de Coimbra, e Kaoê Rodrigues, da Direcção da Organização Regional de Coimbra do PCP.