Governo e administrações pretendem perdas salariais nas empresas públicas

Para a CP e o Grupo IP, foram apresentados 14 cenários de actualização salarial, todos com valores inferiores à inflação e que continuam a empurrar as tabelas para perto do salário mínimo nacional.

Querem passar para os sindicatos o odioso da divisão de um valor curto

«Aguardamos que, da parte das administrações, haja a revisão das suas “propostas” e se crie as condições que permitam um acordo», afirma a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS/CGTP-IN), numa posição enviada às empresas no dia 19.

Na véspera, de uma reunião com outras organizações sindicais, tinha saído a exigência de marcação de novas reuniões, para negociação. A administração da IP convocou os sindicatos para amanhã, dia 26.

Valorização necessária

Para a FECTRANS e o seu Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, a «efectiva valorização salarial» é «do interesse imediato dos actuais trabalhadores» e também «é vital para o futuro das empresas, de modo a serem criadas as condições de atractividade de novos efectivos». Para isso, as estruturas da CGTP-IN defendem «um processo de negociação colectiva que aponte, no curto e médio prazo, para o aumento geral dos salários, de modo a distanciá-los do salário mínimo nacional».

A negociação deve desenrolar-se «com base nas propostas por nós apresentadas, vistas num quadro mais abrangente, de presente e futuro, ao contrário das propostas da administração, que não têm em conta o poder de compra perdido» face à inflação, em 2023 e anos anteriores. Os cenários patronais também não permitem compensar «o forte impacto negativo na vida de quem trabalha, decorrente do brutal aumento dos custos de habitação, quer sejam rendas ou encargos com empréstimos bancários».

«Perante uma inflação, em 2023, de 4,3 por cento, com o aumento das rendas em 6,94 por cento e com um brutal aumento das taxas de juros, o Governo determinou e mandou publicar uma actualização da massa salarial global, nas empresas públicas, de cinco por cento, tendo como referência para os salários o valor de três por cento», observou a FECTRANS, no início deste mês, reagindo ao despacho do ministro das Finanças, sobre esta matéria, publicado a 30 de Dezembro.

A federação acentuou que «na massa salarial global se incluem as progressões profissionais e as actualizações de outras rubricas, decorrentes das convenções colectivas, e o que sobrar é que será para salários».

As primeiras reuniões com as administrações ocorreram no dia 11 (CP) e no dia 12 (IP), seguindo-se o envio por estas de novos «cenários».

No dia 19, a FECTRANS assinalou que, tal como no ano passado, há agora «um processo que de negociação nada tem», uma vez que a administração impõe um valor que é «curto para valorizar o trabalho e os trabalhadores» e procura «passar para as organizações sindicais o odioso da distribuição do que é pouco».

SILOPOR e CGD

Pela valorização dos salários, acima das limitações impostas pelo Governo e pela Comissão Liquidatária da empresa, os trabalhadores da SILOPOR, Empresa de Silos Portuários, vão fazer greve, por 24 horas, no dia 31. De tarde, deslocam-se ao Ministério das Finanças, anunciou o CESP/CGTP-IN.

O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos contestou, no dia 19, os «argumentos falaciosos apresentados pela administração para sustentar a sua imoral e absurda contraproposta salarial de três por cento». Com a primeira reunião negocial marcada para ontem, dia 24, o STEC defendeu que «é absolutamente decisivo e urgente repor o poder de compra dos trabalhadores e reformados».

 

 



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