Encontro Nacional do PCP sobre eleições e acção do Partido

Com centenas de militantes a encherem por completo o Fórum Lisboa, teve lugar no sábado, dia 13, o Encontro Nacional do PCP sobre eleições e a acção do Partido, sob o lema «É hora. Mais força à CDU», para aumentar a mobilização de comunistas e aliados, de forma a ganhar mais apoios, mais votos e mais eleitos, em cada um dos próximos actos eleitorais, particularmente nas eleições legislativas de 10 de Março.

Na batalha pela mudança de rumo, só contamos com as nossas capacidades


Durante a manhã e a tarde, em 51 intervenções, comprovou-se o conhecimento dos problemas, a coerência e a persistência da acção pela sua resolução, a consistência do projecto e da alternativa defendidos todos os dias nos órgãos institucionais e nas batalhas travadas pelos trabalhadores e pela população, em geral.

Poucos minutos após as 10h30, as luzes apagaram-se para a projecção de um excerto da recente entrevista do Secretário-Geral do Partido, Paulo Raimundo, para o tempo de antena, publicada no site e nas redes sociais do Partido na Internet. Quando o grande auditório se iluminou de novo, tomaram lugar, na mesa do Encontro Nacional, os membros dos organismos executivos do Comité Central e da Comissão Central de Controlo, bem como camaradas da Juventude Comunista Portuguesa, eleitos na Assembleia da República, em órgãos de autarquias locais e no Parlamento Europeu, a par de elementos de organizações e sectores centrais.

Dirigiram os trabalhos Fernanda Mateus (de manhã) e Vladimiro Vale (de tarde), membros da Comissão Política do Comité Central do PCP.

As intervenções – que incluíram saudações de dirigentes da associação Intervenção Democrática e do Partido Ecologista «Os Verdes» – foram seguidas atentamente, muitas delas interrompidas com aplausos, a marcarem observações mais pertinentes, e praticamente todas concluídas sob palavras de ordem, como «a luta continua», «CDU avança com toda a confiança», ou apenas «CDU! CDU!» e «PCP! PCP!». Quando veio a propósito, durante a intervenção de Paulo Raimundo, no encerramento, também se gritou «O aumento do salário é justo e necessário», «A Saúde é um direito, sem ela nada feito» e «25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!».

 

Força para mudar

A realização de eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, a 4 de Fevereiro, para a Assembleia da República, a 10 de Março, e para o Parlamento Europeu, a 9 de Junho, constitui «uma importante oportunidade para mudar de vida e não apenas de protagonistas», como afirmou João Frazão, membro da Comissão Política do Comité Central, na intervenção inicial do Encontro.

Frisou que «o que está em causa, em cada uma destas eleições, é a possibilidade de, dando mais força ao PCP e à CDU, mudar de política, romper com décadas de política de direita, abrir caminho à política alternativa com soluções e respostas para os problemas dos trabalhadores, do povo e do País».

Para tal, «só podemos contar com as nossas próprias capacidades», sendo necessário fixar «como vamos activar todas as nossas forças, como vamos pôr o Partido e aqueles que connosco trabalham a ganhar mais apoios, mais votos, mais eleitos».

Na intervenção de encerramento – que publicamos na íntegra nas páginas seguintes – o Secretário-Geral do PCP assinalou que «estamos a realizar uma grande acção geral de esclarecimento», «mas temos de fazer ainda mais, cada um de nós é e tem de ser um militante do esclarecimento, um activista da razão e da esperança», levando a cabo «uma acção que vale mais pelas conversas que estamos e vamos ter do que pelo número de documentos que vamos distribuir».

Com a apresentação do Programa Eleitoral do PCP agendada para 25 de Janeiro, Paulo Raimundo disse que «cá estamos e vamos ouvir, cá estamos e vamos propor e contrapor, cá estamos e vamos construir as soluções e um resultado eleitoral da CDU que contribua, de forma decisiva, para valorizar o trabalho e os trabalhadores e recolocar o País no trilho de Abril, do qual nunca deveria ter saído».

«Aqui há força, aqui há vontade, aqui há determinação para construir um grande resultado eleitoral da CDU», sublinhou o Secretário-Geral do Partido.

 

Estão aqui os valores de Abril

João Geraldes, presidente da associação Intervenção Democrática, dirigiu-se ao Encontro Nacional durante a sessão da manhã, começando por salientar que as eleições que vão ter lugar este ano «não podem dissociar-se das comemorações do 50.° aniversário da Revolução».

Na CDU, afirmou, «somos daqueles que não celebram a Revolução de Abril apenas nos seus aniversários», «não nos ficamos pela simples celebração do 25 de Abril; somos aqueles que o vivemos, todos os dias, a cada hora, e transportamos connosco, em permanência, essa inabalável disponibilidade para a luta em defesa das conquistas alcançadas, da Liberdade e da Democracia, dos princípios e valores fundamentais que a Revolução de Abril nos ofereceu». «Entre nós estão os construtores e, ao seu lado, os herdeiros legítimos dos construtores da Revolução de Abril», sublinhou.

«Somos também aqueles que, com toda legitimidade e orgulho, podemos afirmar que temos as melhores condições para transportar e fazer afirmar, na Assembleia da República e na Assembleia Regional dos Açores, mas também no Parlamento Europeu, os valores e princípios da Revolução de Abril, traduzindo-os em luta e trabalho concretos pela melhoria das condições de vida de todos, sem vacilar perante interesses que visam apenas perpetuar a exploração e as desigualdades», assinalou ainda João Geraldes.

 

Verdes saúdam vontades genuínas

Ao tomar a palavra, de tarde, para saudar o Encontro Nacional do PCP, Heloísa Apolónia lembrou que Os Verdes «são a voz ecologista em Portugal» e «os processos de transformação são realizáveis através de convergências que unam vontades genuínas de assumir e construir as mudanças necessárias», para conclui que «é por isso que a CDU faz tanto sentido – convergir e alargar para fazer diferente».

A dirigente do PEV dirigiu um apelo a que os eleitores «não se demitam do seu dever de participar, nem prescindam do seu direito de participação, porque cada voto conta para decidir do futuro», «para cumprir Abril».

Eleger deputados da CDU é «relevante, para que tenhamos a força influenciadora que é tão necessária».

Heloísa Apolónia relatou como, «nas acções que Os Verdes foram e vão regularmente realizando junto das populações, ouvimos recorrentemente, em especial desde as legislativas de 2022: “Vocês fazem tanta falta no Parlamento!”». A propósito, sublinhou que «a voz dos Verdes é imprescindível, num país onde as políticas ambientais estão transformadas em negociatas de favorecimento ao poder económico e onde uma das principais máximas da política ambiental é sacar, por via de taxas e taxinhas, mais dinheiro dos bolsos dos cidadãos, seja na sua qualidade de consumidores, de utentes ou de contribuintes».



Mais artigos de: Em Foco

Política de direita é nefasta ao País

Abrir o caminho a uma política alternativa foi questão central no Encontro Nacional. Esse é um objectivo que se impõe – e as próximas eleições são uma oportunidade, dando mais força à CDU -, porque essa política alternativa corresponde a uma necessidade objectiva, que decorre da persistente falta de resposta aos...

Com a luta e a força da CDU abrir caminho à alternativa

A confiança de que é mesmo possível uma vida melhor, de que é possível derrotar os projectos reaccionários, esteve muito presente no Encontro Nacional. Mudança de rumo que implica – é mesmo a sua condição - o reforço do PCP e da CDU. Trata-se de concretizar uma política alternativa, patriótica e de esquerda, porque «não...

Por uma grande campanha de massas

A confiança na construção de um bom resultado da CDU foi um traço marcante do Encontro Nacional. Há boas razões para esse clima de confiança, que a cada dia se consolida, e foram detalhadamente expostas em inúmeras intervenções. E a primeira razão reside na na própria existência de consideráveis motivos para o voto na...