Na Argentina, trabalhadores preparam greve geral contra governo reaccionário

Na Argentina, organizações sindicais, com o apoio de movimentos sociais e forças políticas democráticas, entre as quais o Partido Comunista da Argentina, mobilizam-se para uma greve geral e uma manifestação em Buenos Aires, no dia 24, em protesto contra as políticas neoliberais do governo de Javier Milei.

Projectos de lei governamentais são «um comboio de centenas de vagões de lixo antipopular»

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina convocou para 24 de Janeiro uma greve geral e uma manifestação junto do Congresso, em Buenos Aires, de protesto contra as medidas do governo de extrema-direita.

Decorrem reuniões de coordenação com outras centrais sindicais e com deputados e senadores de diversas forças políticas, tendo em vista uma ampla mobilização popular a nível nacional. As novas acções de protesto sucedem-se às manifestações populares de finais de Dezembro, que mobilizaram nas ruas da capital e de outras cidades dezenas de milhares de pessoas.

Em causa estão leis anti-sociais e antilaborais, reunidas no denominado Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) e num segundo pacote legislativo e enviadas pelo presidente Javier Milei, de extrema-direita, para aprovação pelo parlamento.

O DNU anula ou altera cerca de 300 leis, entre as quais as do aluguer, abastecimento, terras, promoção industrial e comercial. Também reforma a lei laboral, modifica o Código Civil e Comercial, muda o quadro regulador da medicina e de obras sociais.

O segundo pacote de leis, demagogicamente denominado Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, estabelece normas de dita«emergência» económica, orçamental, administrativa e social até finais de 2025. Inclui 600 artigos, outorga atribuições legislativas ao poder executivo e autoriza o governo a prorrogar o estado de emergência por dois anos.

Estabelece também a privatização de empresas e sociedades estatais e a sua conversão em sociedades anónimas. Entre elas estão empresas de linhas aéreas, de controlo aéreo, de água e saneamento, o Banco Central, a Casa da Moeda, os correios, empresas de energia, de caminhos de ferro, de rádio e televisão, de comunicações e petrolífera.

Além disso, elimina as eleições PASO (primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias), permite renegociar ou rescindir contratos na função pública e, num quadro repressivo, indica que «quem dirija, organize ou coordene uma reunião ou manifestação que impeça, estorve ou retarde a circulação ou o transporte público ou privado ou que cause lesões a pessoas ou danos à propriedade será reprimido com prisão de dois a cinco anos, estando ou não presente».

Comunistas argentinos festejam 106 anos com luta
O Partido Comunista da Argentina (PCA) assinalou no dia 6 os seus 106 anos com um acto contra as medidas do governo reaccionário.

Em Buenos Aires, decorreu uma iniciativa sob o lema «Abaixo o decretazo. Pela libertação nacional e o socialismo», em que o PCA reafirmou a sua total rejeição às medidas de Milei e reiterou o seu compromisso com «a unidade, a resistência e a construção política alternativa».

O secretário de Relações Internacionais do PCA, Jorge Kreyness, expressou o seu repúdio ao DNU e às demais propostas de lei governamentais e afirmou que «na verdade, trata-se de um comboio de centenas de vagões de lixo antipopular». E apelou: «Resistamos unidos e construamos uma alternativa política plural mas disposta a enfrentar o projecto de sujeição aos monopólios transnacionais».

 



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