Gastos militares dos EUA atingem recorde em 2024
Nos EUA, o Congresso aprovou e o presidente promulgou o orçamento militar para 2024, o maior de sempre, no valor de 886 mil milhões de dólares – três vezes os gastos militares da China, 10 vezes os da Rússia e quase iguais à soma dos 10 países com as maiores despesas militares que se seguem aos EUA.
Orçamento militar dos EUA para este ano atinge 886 mil milhões de dólares
O presidente dos EUA promulgou em meados de Dezembro a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA, na sigla em inglês) para o ano fiscal de 2024, que contempla um gasto militar recorde de 886 mil milhões de dólares.
Anteriormente, as duas câmaras do Congresso deram o seu acordo: no dia 14 do mês passado, o Senado aprovou o projecto da NDAA, instrumento que estabelece os gastos e as políticas do Departamento de Defesa e, um dia depois, a Câmara de Representantes também votou a favor deste orçamento sem precedentes.
A aprovação dos gastos militares do Pentágono foi concluída apesar das preocupações sobre a continuidade da Secção 702 da Lei de Vigilância da Inteligência Estrangeira, incluída na NDAA, que permite espiar sem ordem judicial os cidadãos norte-americanos.
Alguns membros do Congresso incentivaram os legisladores a rejeitar a iniciativa mas, no final, apenas 45 eleitos democratas votaram contra a maior NDAA da história dos EUA.
O projecto da NDAA, imediatamente convertido em lei, contempla um aumento de verbas para «ajuda militar» à Ucrânia; medidas para conter a China; um incremento de 5,2 por cento para as Forças Armadas dos EUA; e uma disposição que impede o presidente de retirar o país da NATO sem aprovação do Congresso.
Comparativamente, os gastos militares dos EUA aprovados para o presente ano são três vezes superiores aos da China (292 mil milhões de dólares) e 10 vezes aos da Rússia (86,4 mil milhões de dólares), assinalam peritos militares.
De facto, os gastos do Pentágono são quase iguais à soma das despesas militares dos 10 países que vêm a seguir aos EUA na lista dos que dispõem de maiores orçamentos militares, ou seja, China, Rússia e Índia, e alguns dos principais aliados dos EUA na NATO, como o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Itália e, ainda, o Japão, a Coreia do Sul e a Ucrânia.
Despesas escondidas
De acordo com diversos analistas, os enormes gastos militares dos EUA são ainda maiores do que os anunciados publicamente.
Alguns investigadores afirmam, por exemplo, que em 2022 a despesa militar real dos EUA alcançou um bilião, 537 mil milhões de dólares, o dobro do montante de 877 mil milhões de dólares calculada a partir de números oficiais disponibilizados pelo Gabinete de Administração e Orçamento (OMB) dos EUA e tornada pública.
Explicam esses investigadores que os dados do OMB respeitantes aos denominados «gastos com a defesa» são substancialmente mais baixos do que os proporcionados nas Contas Nacionais de Receita e Produto (NIPA) dos EUA, a fonte mais completa e credível sobre as receitas e as despesas do país, a qual aliás é a utilizada para as análises da economia norte-americana.
Acresce que partes importantes dos gastos militares dos EUA estão incluídas em outras áreas das despesas federais e não entram na categoria de «gastos com a defesa». A estes montantes haveria que acrescentar as despesas espaciais federais e o total real de «ajudas» a países estrangeiros, entre outros gastos.