Já perto da meia-noite, entre os ruídos daquela que é uma laboração contínua, os carros iam entrando e saindo das instalações, iniciando ou terminando a jornada do dia, denunciando o exposto no documento distribuído – o trabalho por turnos e nocturno, sem justificação e sem direitos.

Dois membros da Comissão Sindical da empresa apresentaram a situação de trabalhadores commais de 20 anos de turnos rotativos e nocturnos. Um deles recordou que, em 24 anos, passou apenas três vezes o Natal com a família. «24 anos que parecem 40», afirmou Paulo Raimundo, reforçando os impactos negativos deste regime a nível de saúde, mas também social e familiar.

«Não há nada que justifique» o desregular da vida destes trabalhadores, lembrou o Secretário-Geral, sendo urgente «diminuir ao indispensável o trabalho por turnos», compensando-os, ainda, com a antecipação da idade de reforma. Estas e outras propostas foram levadas pelo PCP à Assembleia da República, sendo chumbadas por PS, PSD, IL e CH (ver pág. 19). Para estas forças, afirmou Paulo Raimundo, o que importa é que os quase dois milhões de trabalhadores nesta situação «continuem a trabalhar, turno sobre turno, 7 dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano», sem salvaguardar os seus direitos. Para o PCP, pelo contrário, os trabalhadores, que produzem a riqueza e põem a sociedade a funcionar, são «uma grande prioridade», e têm de ser «respeitados e valorizados».

Antes, nessa noite, Paulo Raimundo e Paula Santos estiveram ainda presentes num Jantar CDU na Cooperativa de Habitação e Construção Económica Força de Todos, em Setúbal, que contou com a presença de centenas de activistas e apoiantes da CDU, entre os quais André Martins, do PEV e Presidente da Câmara Municipal de Setúbal. O novo aeroporto de Lisboa, a inclusão da travessia do rio Sado no passe Navegante ou a ampliação do Hospital de São Bernardo foram algumas das propostas recordadas pela candidata, essenciais para o desenvolvimento da região, que o PCP, através dos seus deputados, apresentou, e que os partidos da política de direita rejeitaram, lembrando quesem o reforço da CDU não é possível dar respostas a estes e outros problemas, no distrito e no País.