Palestina acusa Israel de guerra de extermínio

Os ataques israelitas na Faixa de Gaza, intensificados nos últimos dias, causaram já cerca de 21 mil mortos e 55 mil feridos, para além de milhares de desaparecidos sob os escombros dos bombardeamentos israelitas, e de dois milhões de deslocados. Metade dos edifícios foram destruídos ou danificados. Desrespeitando as resoluções das Nações Unidas, o governo israelita rejeita o cessar fogo e prossegue o massacre.

Ataques israelitas na Faixa de Gaza já causaram cerca de 21 mil mortos e 55 mil feridos palestinianos, na sua maioria crianças e mulheres

A Autoridade Nacional Palestiniana acusou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de levar a cabo uma guerra de extermínio contra a população palestiniana da Faixa de Gaza.

Em Ramala, o Ministério dos Negócios Estrangeiros condenou os massacres cometidos pelo exército israelita contra a população da Faixa de Gaza, em especial no norte. Denunciou que o propósito é acabar com a presença de palestinianos na zona setentrional e reforçar o controlo nessa área. Também repudiou as violações e os crimes cometidos pelos militares e colonos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

Israel não cumpre sistematicamente as resoluções da ONU, bem como os apelos e exigências internacionais para proteger os civis e parar a agressão, afirma o ministério, que alerta para «a catástrofe humanitária imposta ao nosso povo na Faixa de Gaza, especialmente às mulheres e crianças».

Fica claro que o Estado israelita corre contra o tempo para intensificar a guerra e os massacres, enquanto tenta impor mecanismos que perpetuem a sua ocupação da Faixa de Gaza, aponta. O objectivo é exterminar os residentes da Faixa de Gaza e forçar a deslocação dos que sobreviverem, assegura.

Por outro lado, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) criticou os EUA pelo continuado apoio a Israel na sua guerra contra a população palestiniana na Faixa de Gaza.

Segundo a agência Wafa, o Comité Executivo da OLP, reunido no dia 26, defendeu a continuação da coordenação para unificar a posição árabe face à agressão israelita apoiada pelos EUA. Reiterou a rejeição das tentativas de deslocar à força a população palestiniana na Faixa de Gaza e rejeitou, além do mais, qualquer plano que tenha como objectivo criar um governo para dirigir a Cisjordânia e a Faixa de Gaza à margem da OLP, o representante legítimo do povo palestiniano.

A direcção da OLP abordou «a situação nos territórios palestinianos, à luz da contínua agressão sionista e dos brutais massacres cometidos contra o nosso povo na Faixa de Gaza e em várias cidades, campos de refugiados e povoados da Cisjordânia». Além disso, denunciou os crimes cometidos por Israel contra milhares de prisioneiros palestinianos.

Hospitais atacados

Nos últimos dias, registaram-se novos bombardeamentos israelitas em toda a Faixa de Gaza, que provocaram mais mortos e feridos, em especial na cidade de Khan Yunis, no sul, e nos campos de refugiados de al-Maghazi, al-Bureij e Nuseirat.

De acordo com a Wafa, aviões de combate israelitas atacaram nas imediações do Hospital Nasser, em Khan Yunis. Já a Al Jazeera informou que a sede do Crescente Vermelho Palestina naquela cidade, que alberga milhares de palestinianos deslocados pela guerra, foi bombardeada por aviões israelitas.

A Organização Mundial de Saúde fez saber, entretanto, que «está extremamente preocupada pela tensão insuportável que a escalada das hostilidades está a exercer sobre os poucos hospitais da Faixa de Gaza que permanecem abertos, com a maior parte do sistema de saúde do enclave destruído».

Agressão «demencial»

A Liga Árabe denunciou que o povo palestiniano está hoje submetido a uma agressão «sangrenta, brutal e demencial» por parte do exército israelita.

Na abertura de uma reunião da organização, no Cairo, no dia 26, a secretária-geral adjunta, Haifa Abu Ghazaleh, criticou as contínuas violações israelitas nos territórios palestinianos ocupados. Revelou que peritos legais consideram que essas acções constituem genocídio. «Somos testemunhas da revelação pública por parte da ocupação [israelita] da intenção de eliminar completamente o povo palestiniano mediante o uso de armas poderosas e destrutivas com efeitos indiscriminados».

«Paradoxalmente, esta guerra coincide com a comemoração por parte da comunidade internacional do 75.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos», assinalou, antes de denunciar os bombardeamentos contra civis e seus lares, assim como os ataques contra trabalhadores do sector da saúde.

 

A paz pelo Natal e manifestação no novo ano

«No Natal estamos com a Palestina.» Era este o ponto de partida da acção de solidariedade realizada ao final da tarde de dia 21, numa movimentada zona de Lisboa. Cada um dos participantes, mobilizado para o local ou apenas de passagem, empunhava um cartaz com os seus votos ou desejos de Natal para a Palestina, tirava uma fotografia e em seguida partilhava-a nas redes sociais.

Os cartazes, em português e em inglês, tinham mensagens como: «Cessar-fogo imediato e permanente»; «O que eu quero este Natal é que as crianças palestinianas possam viver em paz»; «Bombardear hospitais é crime de guerra»; «Fim à ocupação, liberdade para a Palestina»; «Queremos Natal sem ocupação».

A iniciativa, que alcançou um grande impacto público, foi promovida pelo CPPC e MPPM, que juntamente com a CGTP-IN e o Projecto Ruído – Associação Juvenil promovem a manifestação de dia 14 de Janeiro, às 15h00, em Lisboa.

 

 



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