Denúncia, reivindicação e luta sob as luzes do Natal

Numa época em que se fala mais da falta de justiça e solidariedade, o movimento sindical unitário chama a atenção para a necessidade de os trabalhadores se unirem, agirem e lutarem por vida melhor.

Não é tempo de esperar para ver, mas de agir e lutar para resolver

No dia 13, ao final da tarde, a União dos Sindicatos de Lisboa realizou uma «marcha popular de Natal», que saiu da Praça Luís de Camões e percorreu várias ruas da baixa da capital, em direcção ao Rossio. Muitos dos manifestantes estavam vestidos de Pai Natal e transportavam arcos, a evocar as marchas populares, mas com inscrições relativas à situação dos trabalhadores e a reivindicações colocadas ao Governo e aos patrões.
Além de palavras de ordem, como «para os patrões são milhões, para os salários são tostões» ou «não podemos aceitar empobrecer a trabalhar», cantaram «O Menino está dormindo», com a letra adaptada ao momento actual e às exigências de melhores salários e pensões.
O sector do comércio – que tem greve nacional convocada para 24 de Dezembro – foi destacado com dois homens, de fato, cartola e charuto, levando símbolos dos principais grupos da grande distribuição colados na roupa.
No final, breves intervenções explicaram os motivos da jornada.
Milene Barbosa, dirigente da Interjovem, salientou a importância de assegurar uma mudança de política, para garantir emprego de qualidade, sem precariedade e com salários dignos, de modo a permitir a emancipação económica e social dos trabalhadores mais jovens, que continuam ainda sem condições para saírem de casa dos pais.
A Secretária-Geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, realçou a instabilidade da situação nacional e internacional, acentuando que este contexto reclama a participação, acção, intervenção e luta dos trabalhadores e dos povos em defesa da paz, contra a exploração, as desigualdades e as injustiças.
Salientou que o tempo não é de esperar para ver, mas de agir e lutar para resolver; não é de expectativa, mas sim de reivindicação, para avançar nos direitos, no reforço dos serviços públicos e no aumento geral e significativo dos salários, que deverá ser de 15 por cento, em 2024, com um mínimo de 150 euros.

Na Rua do Comércio, em Portalegre, a União dos Sindicatos do Norte Alentejano manteve, durante sexta-feira, dia 14, um grande cartaz, convidando quem passava a nele escrever «o que vais pedir ao teu patrão neste Natal», assim também propiciando conversas com os activistas e dirigentes sindicais.
As respostas foram preenchidas com inscrições, como «um bom aumento», «horários de trabalho justos», «o tempo de serviço congelado e trabalhado dos professores», «uma aposentação digna», «um seguro de risco digno», «melhor salário, mais tempo para a família».
Com estes votos de Natal, o cartaz foi colocado na fachada da nova Casa Sindical, na Rua do Carmo, que será inaugurada no início do próximo ano.

Em Faro, no Largo da Pontinha, a União dos Sindicatos do Algarve levou a cabo, no dia 15, sábado, uma acção de luta pelo aumento dos salários, contra a brutal subida do custo de vida e por uma mudança de rumo para o País.
Dezenas de trabalhadores aprovaram uma moção, que foi entregue à presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, solicitando o seu envio ao Governo.
Para a estrutura distrital da CGTP-IN, é inaceitável que, ao mesmo tempo que uns poucos enriquecem à custa da exploração, a larga maioria enfrente graves dificuldades para pagar as contas e pôr comida na mesa, pelo que a luta vai continuar e intensificar-se, exigindo uma política alternativa, que valorize o trabalho e os trabalhadores.

Anteontem, dia 19, de tarde, a União dos Sindicatos de Braga colocou um já tradicional «pinheiro de Natal» na Praça da República, no qual foram colocadas «prendas» a simbolizar as reivindicações de trabalhadores e reformados, e que ali permanecerá até aos Reis (6 de Janeiro).
A instalação do pinheiro foi antecedida de um desfile desde o Arco da Porta Nova.



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