«Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele»
No recente debate preparatório do Conselho Europeu, António Costa foi acusado pela presidente do Grupo Parlamentar do PCP, Paula Santos, de ter usado a maioria absoluta não para resolver os problemas do País, mas para salvaguardar interesses dos grupos económicos.
Em reacção, no mesmo debate, António Costa afirmou que a deputada do PCP «Devia refletir um pouco e constatar que quantos mais vezes disser que o PS é igual ao PSD, IL e Chega menos os portugueses acreditam no PCP», considerando que os portugueses «têm bem clara a profunda diferença entre o PS e a direita».
Confrontado com a questão, o Secretário-Geral do PCP considerou que, se o PS não quer ser comparado com a direita, só tem de «mudar de política» e advertiu que não se conte com o PCP para «limpar responsabilidades».
Como diz o adágio popular, «quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele». Ora, neste caso, é mesmo bem mais do que «vestir-lhe a pele», é assumir os seus actos, as suas opções.
É ou não é por opção do PS que o Governo tem vindo a desenvolver uma política de submissão à UE, ao euro e ao domínio monopolista dos grupos económicos e das multinacionais?... É ou não é por opção do PS que prossegue uma política de baixos salários e baixas pensões e que foi por opção sua que foram mantidas e agravadas as normas gravosas da legislação laboral?... É ou não é por opção do PS que se mantém uma política que aumenta o custo de vida para a maioria da população, enquanto os grupos económicos acumulam lucros escandalosos?… E tantas outras questões poderiam juntar-se a este rol.
Por isso, fica a pergunta: como pode o PS achar estranho que o PCP denuncie esta política e os seus responsáveis e alerte o povo para as manobras de mistificação que, à medida que as eleições se aproximam, já aí estão? E uma delas é sem dúvida a ideia de que o PS faz uma política de esquerda.
Tanto é de direita a política que desenvolve que em todas as questões essenciais dessa política, mesmo com maioria absoluta, nunca lhe faltou, dentro ou fora da AR, o apoio do PSD, CDS, Chega e IL.
Em vez de se indignarem pelo facto de o PCP dizer a verdade, não seria preferível mudar de política?…
Não há dúvida, a única garantia que temos para mudar de política é o reforço do PCP e da CDU.