A essência do ser
Teresa de Sousa está que nem pode! Como confessa aos quatro ventos, no caso num
jornal em que, a espaços, recita o que o directório da União Europeia determina, desconsolada com o que designa de «impotência da Europa». Não se julgue que tamanha insatisfação residirá na falta de resposta aos problemas sociais, nos índices de pobreza, nas desigualdades salariais ou na taxa de desemprego na Zona Euro. Tudo minudências quando comparado com a incerteza que a corrói.
A tormenta reside na tibieza que vislumbra quanto à insuficiência de investimento em armas para alimentar a guerra na Ucrânia. Para a criatura não é bastante os milhares de milhões de euros atirados para atear o conflito, alimentar a destruição, prolongar o rasto de mortes e sofrimento. Mesmo que falte para tudo o resto e à custa de novas ou recauchutadas imposições draconianas quanto a défices e dívida. As coisas são como são. Por mais voltas que vida dê, vem sempre à tona o que se foi e é. Donde o tom belicoso de quem foi dirigente destacada de grupelhos provocatórios, travestidos de «esquerdismo», a que se juntavam os correspondentes «ismos» de conveniência, teime em reaparecer.
Nada que surpreenda ou contraste entre passado e presente. Antes como agora a mesma partilha de valores em que o anticomunismo e o serviço aos interesses e objectivos do capital predominam, com as adaptações que os momentos históricos recomendam. Pelo que desde os tempos da gritaria redactorial do Grito do Povo dos anos 70, a transição para o Jornal Novo (uma versão há época do que em substância o Observador, é hoje, ou seja a nata mediática do grande capital) e o desaguar final em autoproclamados títulos de referência, o que se deva registar de distinto é mais o tom do que o conteúdo. Preocupada que se mostra com a falta de apoio a Zelenski e ao que ele representa, é provável que a vejamos a caminho da Argentina na companhia daquele para a tomada de posse do fascista Milei, onde ambos poderão dar asas ao modelo de «mundo livre» que fazem questão de proclamar.