Palavra. Dignidade. Confiança.
Há gente séria e capaz para corporizar a mudança que se impõe
Há cerca de um mês houve desenvolvimentos significativos no plano político, com o pedido de demissão do primeiro-ministro. Desenvolvimentos que não desfizeram a convergência de fundo dos que há anos protagonizam a política de direita (PS, PSD e CDS), agora reforçada com os sucedâneos reaccionários (CH e IL).
São disso bem evidentes as sucessivas votações das propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2024. Sempre que os interesses do grande capital estiveram em causa, PS, PSD, CH e IL não faltaram à chamada e juntaram-se para chumbar propostas do PCP para aumentar salários, pôr fim aos benefícios fiscais e garantir uma justa tributação do grande capital, limitar o aumento das rendas, pôr fim às PPP, defender e valorizar o SNS e os seus profissionais.
Apesar dos desenvolvimentos políticos, no plano económico e social a situação mantém-se, sobressaindo o continuado aumento do custo de vida e consequente perda do poder de compra de salários e pensões, que contrastam com os lucros escandalosos acumulados pelos grupos económicos e financeiros; os serviços públicos continuam em degradação, particularmente o Serviço Nacional de Saúde; o acesso à habitação está cada vez mais difícil, tanto por via do aumento das rendas como pelo agravamento das prestações do crédito à habitação.
A maioria absoluta do PS foi incapaz de responder aos problemas de fundo do País, confirmando a denúncia que fizemos de que o PS não queria soluções, mas sim eleições. As prioridades mais emergentes para as quais o PCP alertava há dois anos (salários, SNS e habitação) confirmaram-se e a sua não resolução acrescentou injustiças e desigualdades num país onde já existem 2 milhões de pessoas em situação de pobreza (345 mil crianças), mas os 20 maiores grupos económicos acumulam 25 milhões de euros de lucro por dia!
Condicionamentos e ilusões
É com esta realidade nacional que nos aproximamos de eleições legislativas, com os elementos de condicionamento do costume a acenar com a ilusão das «eleições para primeiro-ministro» e a desvalorizar a CDU, que alguns jornalistas garantem estar em «queda livre» e, por isso, apenas interessa (na visão deles) num eventual papel de bengala do PS, qualquer que seja a política que este queira desenvolver.
O cenário que nos traçam é contrário ao que encontramos nas ruas ou à porta das empresas. Quando, por todo o País, os activistas da CDU saem à rua para denunciar a situação do SNS e apresentar propostas para defender o SNS, fixar e valorizar os seus profissionais, encontram reconhecimento e acordo. O mesmo que sucede quando falam da urgência do aumento de salários e pensões, da necessidade de limitar o aumento das rendas ou de pôr os lucros da banca a pagar o aumento das taxas de juros do crédito à habitação.
É na justeza das nossas propostas e nesta realidade que encontramos no contacto com os trabalhadores e as populações que ancoramos a confiança com que prosseguimos e intensificaremos a nossa intervenção.
A confiança em quem tem palavra e um património único de intervenção ao serviço do povo e do País, que não faltou (nem faltará) com a sua proposta, a sua intervenção e o seu voto para a construção de soluções e respostas, que não se perde em tricas estéreis e tem autoridade para afirmar que é o protesto consequente face às injustiças e desigualdades.
Da desilusão e da revolta
à luta e ao voto
Quando tentarem remeter os portugueses para uma escolha entre o PSD e seus sucedâneos reaccionários ou o PS, com discurso de esquerda e prática da política de direita, é com o reforço da CDU que respondemos, certos de que esse reforço é condição para a melhoria das nossas vidas.
Quando tentarem amedrontar os eleitores com o perigo dos projectos reaccionários, é com a certeza do percurso e da combatividade dos comunistas e da CDU que respondemos, certos de que, como nenhuma outra força política, temos provas dadas na defesa da democracia e da liberdade. Aqui há força e coragem para o combate a políticas e projectos reaccionários, quaisquer que sejam as circunstâncias.
Quando regressarem os apelos à resignação e as teses do «não vale a pena», lembraremos que há no povo português gente séria e capaz para corporizar a mudança de políticas que se impõe. Está nas mãos do povo transformar o descontentamento, a desilusão e a revolta em luta e voto consequente com os seus anseios, reforçando a CDU.