Cessar-fogo imediato!

Pedro Guerreiro

É preciso pôr fim à escalada de guerra

Há mais de 30 dias que Israel leva a cabo bombardeamentos indiscriminados e outros actos de grande violência contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, assim como na Cisjordânia e em Jerusalém Leste, violando inadmissível e impunemente os mais elementares direitos do povo palestiniano, consagrados nos princípios e normas do direito internacional, incluindo em inúmeras resoluções da ONU.

Trata-se de uma brutal e cruel agressão, da deliberada prática do massacre, da barbárie, como instrumento de uma política que não só visa quebrar a persistente resistência e luta do povo palestiniano pela concretização dos seus inalienáveis e legítimos direitos nacionais, como colocar de novo a população palestiniana perante a morte e a violência ou a expulsão das suas casas e terras.

Uma agressão que conta com a cumplicidade dos EUA que, protagonizando um cínico exercício, dão suporte, cobertura e apoio a Israel – muitas das bombas que as forças israelitas utilizam são norte-americanas – e, ao mesmo tempo, procuram salvaguardar as suas relações e influência junto de vários países árabes, minimizam danos, manobram de forma a que continuem a não ser implementadas as resoluções da ONU que há décadas estão por cumprir, e evitam que o conflito israelo-palestiniano se volte a expressar como efectivo conflito israelo-árabe.

Neste contexto, assume um grande significado e importância a adopção pela Assembleia Geral da ONU de uma resolução – com 121 votos a favor, 14 contra e 44 abstenções – que, entre outros aspectos, coloca como questão central uma «trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada que conduza à cessação das hostilidades», isolando politicamente Israel e os EUA e dificultando os seus objectivos.

Como assumem uma grande importância as múltiplas acções de solidariedade, que têm vindo a ser desenvolvidas por todo o mundo – muitas das quais alcançando uma grande dimensão –, tão mais significativas quando enfrentam uma hipócrita campanha promovida por Israel e seus aliados, difundida pelos grandes meios de comunicação e repetida pelos arautos do ódio e da guerra – campanha que lembra a propaganda do regime fascista português durante a guerra colonial.

Impõe-se continuar a afirmar a exigência do imediato fim da escalada de guerra de forma a impedir ainda mais trágicas consequências para a população palestiniana, martirizada por décadas de ocupação e opressão, e para a população israelita – árabes e judeus – em luta contra o governo de extrema-direita e fascizante de Netanyahu.

É fundamental continuar a ampliar a exigência de um cessar-fogo imediato, e não apenas de uma «pausa humanitária» encarada como uma «pausa» na carnificina. Há que pôr fim aos bombardeamentos e às acções militares contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Leste e assegurar o urgente auxílio médico e humanitário, de forma segura e sem entraves, que responda às necessidades da população da Faixa de Gaza.

Como há que continuar a afirmar a exigência do cumprimento das resoluções da ONU que determinam a criação de um Estado da Palestina soberano e independente, com as fronteiras de 1967 e Jerusalém Leste como capital, e o direito de regresso dos refugiados palestinianos.




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