É preciso fazer um desenho?

João Frazão

Na apresentação dos resultados dos primeiros 9 meses de 2023 do BPI, que ascendem a 390 milhões de euros e que, só em Portugal, duplicaram para 342 milhões, o CEO do banco afirmou que a proposta de Orçamento do Estado para 2024, que agora foi arrastada com a queda do governo, era «prudente e equilibrada».

Há um ano atrás, o Governo apelidava a proposta para 2023 com as premissas «estabilidade», «confiança» e «contas certas».

«Estabilidade» que permitiu à GALP lucrar, no período referido, 2,6 milhões de euros por dia.

«Confiança» que fez os lucros do BCP crescerem 625% (sim, seiscentos e vinte e cinco por cento), tornando modestos os incrementos no Santander, no Novo Banco e no BPI, que se ficaram por 62%, 49% e 32%, respectivamente, que somam no total dois mil e trezentos milhões de euros.

«Contas certas» com que o grupo Jerónimo Martins amealha 2 milhões de euros por dia, e a EDP Renováveis atinge os 445 milhões, o melhor resultado de sempre, até Setembro.

A procissão ainda vai no adro, e os milhões, às dezenas ou às centenas, vão continuar a ser anunciados pelos principais grupos económicos, mesmo que, aqui ou ali, possa haver ligeiros recuos nos lucros fabulosos que, já no ano passado, apresentaram.

Por outro lado, Portugal, em 2022, ficou pior no que toca ao rendimento médio nacional, comparando o custo de vida nos diversos países europeus, tendo o sexto pior desempenho na UE e o terceiro pior, se considerarmos apenas os países da zona euro. Ora, se há uns que viram os seus rendimentos crescer tanto, isso implica que há outros que os vêem cair, e muito.

«Estabilidade», «confiança», «prudente», «equilibrado», «contas certas», são expressões diversas para dizerem basicamente o mesmo – orçamentos e políticas ao serviço dos interesses do grande capital.

Com que angústias os CEO deste País estarão a olhar para a demissão de um primeiro-ministro tão prudente, equilibrado, confiante e estável, que lhes garantia contas tão certas. Na primeira hora após o anúncio de demissão de Costa, a Bolsa caiu 3%.

O que confirma que precisamos mesmo de uma alternativa para fazer um orçamento e praticar uma política ao serviço de quem trabalha.

Já perceberam ou é preciso fazer um desenho?




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