Sempre com a Palestina!

Cristina Cardoso

A defesa da Palestina independente é um caminho exigente

Entramos na quarta semana de massacre em Gaza. Mais de 24 dias de incessantes bombardeamentos israelitas e com a incursão militar terrestre a ganhar dimensão. Assistimos em «directo» ao horror, à devastação, ao sofrimento atroz, à morte de milhares de vidas inocentes, como em directo assistimos à tentativa de justificar os crimes que estão a ser cometidos por Israel. Crimes que não têm fim à vista, pois Netanyauh afirmou que será longa o que denomina de «guerra» em Gaza. Ao mesmo tempo, o governo israelita continua a expulsão dos palestinianos das suas casas e terras na Cisjordânia, onde continuam os assassinatos e detenções de palestinianos.

Para além do massacre das populações palestinianas, continuam os ataques aos que lhes prestam auxílio na Faixa de Gaza, que a Organização Mundial de Saúde denuncia – 124 profissionais mortos, mais de 100 feridos, 50 ambulâncias atacadas, 12 hospitais e 46 clínicas de cuidados de saúde primários fora de serviço por falta de combustível ou bombardeamento. Também na Cisjordânia se verificam ataques às ambulâncias, violência contra os profissionais de saúde e detenções.

Não restam dúvidas de que está em curso a tentativa de uma nova limpeza étnica, acompanhada por uma grande campanha de propaganda do imperialismo de branqueamento de décadas de ocupação e opressão, procurando apresentar como vítima aquele que é o agressor, ocupante e carrasco, acusando todos aqueles que se levantam pelo povo palestiniano de ditos «anti-semitas», fomentando ódios e extremismos, alimentando a xenofobia, o racismo, a desumanização do «outro», a perseguição e as proibições políticas, os «cancelamentos».

As declarações do Secretário-Geral das Nações Unidas, mesmo que tardias e comedidas perante a dimensão da barbárie, constituem uma denúncia das violações do direito internacional a que assistimos por parte de Israel. A reacção das autoridades israelitas às declarações de Guterres evidenciam o carácter fascizante e criminoso da violenta política de Israel.

A brutal agressão de Israel ao povo palestiniano – agressão que conta com o apoio dos EUA, da UE, da NATO – pode desencadear um conflito regional de grandes dimensões, que seria catastrófico para os povos do Médio Oriente e de todo o mundo. Também por isso, assume uma grande importância o isolamento da política de guerra e de massacre levada a cabo por Israel e os EUA, como se verificou na votação da resolução por «uma trégua humanitária imediata, duradoura, e sustentada levando à cessação das hostilidades», na Assembleia-Geral das Nações Unidas, dia 27 de Outubro, com 121 votos a favor, 13 contra e 44 abstenções.

A defesa da paz e da Palestina independente é, certamente, um caminho exigente, mas nas últimas semanas temos assistido por todo mundo a gigantescas expressões de solidariedade para com o povo palestiniano. Apesar de todos os meios que o imperialismo e os seus aliados têm utilizado para silenciar os povos, milhões têm saído à rua abraçando a causa palestiniana, a causa da paz.

Em Portugal, o vergonhoso silenciamento e desvalorização por parte dos media das múltiplas acções pela paz e de solidariedade, em particular da grande manifestação do passado domingo em Lisboa, só reforçam a convicção de que podemos fazer e ser muitos mais pela Palestina independente e pela paz no Médio Oriente.




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