Imobiliarian Especulation
Na semana passada começou a ser desmantelada a Refinaria de Matosinhos. Um crime contra a economia nacional, contra a soberania nacional, contra o desenvolvimento sustentado e ecologicamente equilibrado do nosso país.
No seu lugar vai surgir o Innovation District. Numa reunião realizada com os stakeholders, a GALP e a Câmara de Matosinhos já começaram a deixar antever a chuva de apoios públicos que a GALP vai receber para este projecto. Tudo em nome da criação de futuros clusters, de smart citys, de start-ups e da habitual enxurrada de anglicismos com que os modernaços responsáveis da execução da política de direita tentam mascarar a sua velha e esclerosada política: a destruição do aparelho produtivo nacional e a acumulação privada através da especulação imobiliária e do uso e abuso de recursos públicos.
A realidade é que enquanto financiamos a destruição de uma refinaria, o País importa cada vez mais gasóleo. Que ao mesmo tempo que as equipas de demolição arrasam a fábrica de lubrificantes, óleos-base e aromáticos, o País endivida-se para comprar esses produtos ao estrangeiro. Que no dia em que a Refinaria de Matosinhos começa a ser desmantelada, a outra refinaria nacional, em Sines, está parada, fruto de uma grande manutenção programada, e os tractores, os barcos, os camiões, as carrinhas, os geradores, e tanto do que faz mover a economia nacional, só continuam a funcionar graças à importação crescente de combustível.
Apesar das quase infinitas e futuristas ambições expressas, a política executada é de curtas vistas e resulta numa economia completamente dependente do turismo, onde qualquer crise séria pode colocar o país a alimentar-se de unicórnios. Animais que, como se sabe, exigem muitos milhões de euros para serem criados nos innovations districts, mas têm um conteúdo nulo em proteínas e calorias.
O País não precisa de mais especulação imobiliária. No to Imobiliarian Especulation, como diríamos se fossemos cool.