Palestina vencerá!

João Frazão

A mentira estende-se por todos os lados. A hipocrisia campeia. O cinismo é lugar comum. A desumanidade alastra. É a guerra.

Mas a guerra não pode justificar tudo. A guerra é apenas o sinal. O sintoma de um sistema doente, caduco, no seu estertor que é cada vez mais violento.

E aqueles que não querem a guerra têm de levantar-se e fazer ouvir a sua voz.

Querem obrigar-nos a pedir desculpa antes de manifestarmos a nossa solidariedade inquebrantável com o povo da Palestina. Não o faremos. A nossa solidariedade, com um povo que corajosamente resiste há 75 anos a uma opressão que há-de ser estudada nos tempo futuros como exemplo repugnante, não tem «ses» nem «mas».

Procuram que nos justifiquemos de cada vez que erguemos a nossa voz para denunciar os hediondos crimes de Israel. Não somos nós que temos de nos justificar. São eles e a sua prática reiteradamente genocida.

Tentam condicionar-nos quando dizemos sem meias palavras que os culpados se encontram instalados nas estruturas do Estado de Israel e que os seus cúmplices de sempre são os EUA e os seus aliados da NATO e da UE. Não dobraremos a língua. Os Bidens e as Von Der Leyen, que hoje foram autorizar, pessoalmente, a chuva de bombas sobre uma população encarcerada como não há memória, estão onde sempre estiveram os seus antecessores. Do lado do extermínio continuado das populações civis da Palestina, homens mulheres e crianças.

Almejam a que nos envergonhemos quando nos dói a imagem de uma criança violentada na Faixa de Gaza. Não limparemos as lágrimas, como não o fizemos perante a morte de nenhum inocente.

Pensam poder limitar-nos na defesa de soluções políticas que estão consagradas há décadas – dois Estados, fronteiras anteriores a 1967, capital da Palestina em Jerusalém. Não o faremos. Não nos distraímos sobre os caminhos que podem trazer paz à região e ao mundo.

Marques Mendes, o comentador de serviço usado, aos domingos, para dar as coordenadas às vozes da reacção que quer parecer moderada, dizia na passada semana que «isto começou no passado sábado». A 7 de Outubro não começou nada.

Apenas se intensificou a mentira, a hipocrisia, o cinismo, a desumanidade.

Mas também a nossa determinação de afirmar que a Palestina Vencerá!.




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