Presidente da Câmara de Setúbal envia carta aberta ao MAI
André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), endereçou uma carta aberta ao ministro da Administração Interna (MAI), na qual reitera a urgência de resolução da escassez de recursos humanos das forças de segurança no concelho.
Forças de segurança são insuficientes
A necessidade de tomar «medidas consideradas urgentes» para garantir a segurança de pessoas e bens volta a ser exigida pela autarquia CDU, depois de há quase um ano ter reunido com a secretária de Estado da Administração Interna para abordar esta e outras dificuldades registadas no território.
Nesse encontro, a governante garantiu que «iam entrar ao serviço brevemente mais uns milhares de novos agentes da PSP e que essa questão ficaria resolvida», o que não se verificou. «Fala-se sempre dos que entram, mas nunca se fala dos que saem, por reforma ou outros motivos, e que são sempre em maior número», acentua André Martins.
O presidente da Câmara aponta o facto de as áreas urbanas crescerem e o número de profissionais das forças de segurança serem cada vez menos para as necessidades.
«São as autarquias e outras entidades que, cada vez mais, são obrigadas a pagar gratificados (serviços pagos à hora a agentes da PSP) para garantir a segurança em situações consideradas de risco», sublinhou o autarca, frisando que este procedimento «parece ser a única forma de garantir a presença das forças de segurança, dada a falta de meios humanos nas esquadras para corresponder às situações de emergência».
Agravamento das condições sociais
O presidente da CMS alerta ainda para o facto de «o agravamento das condições sociais ter levado a um aumento de assaltos no município de Setúbal, em particular no pequeno comércio».
Perante a não presença da autoridade, «estas situações têm tendência a proliferar», pelo que, adverte André Martins na missiva dirigida ao MAI, «é necessário, antes que a situação se agrave, reforçar a capacidade de intervenção das forças de segurança, em particular da PSP, no concelho». Vincou também que o «problema da incapacidade das forças de segurança para dar resposta a situações que são da responsabilidade do Estado é mais vasto e está a tornar-se insustentável», situação «desesperante» que «penaliza todos».
Nesta matéria, o autarca adverte para o que considera ser uma deficitária fiscalização na cidade perante casos de estacionamento indevido ou abusivo, nomeadamente em cima de passeios, o que acrescenta dificuldades na circulação e segurança de transeuntes e que se traduz numa acelerada deterioração do espaço público, com necessidade de «gastar muitos milhares de euros para repor situações que nunca estarão resolvidas».
Instalações pouco dignas
Na carta aberta, o presidente André Martins revela ainda que, na reunião realizada com a secretária de Estado da Administração Interna, foram «avaliadas as condições pouco dignas das instalações dos profissionais da PSP em Setúbal».
Perante este cenário, o autarca assegurou que já havia «um espaço cedido pela CMS para construir uma nova esquadra e para o próprio Comando Distrital [da PSP de Setúbal]». Esta demonstração de disponibilidade não obteve qualquer resposta do Governo, pelo que «não será por responsabilidade da CMS que os profissionais da PSP não têm instalações à altura das suas responsabilidades e missões».
Com as questões apresentadas agora, de reforço ao que já havia sido transmitido directamente à secretária de Estado da Administração Interna, há praticamente um ano, o presidente do município pretende que se altere a «contínua desresponsabilização do Estado Central também na garantia da segurança de pessoas e bens».