Durante as jornadas, confirmou-se aqueles que são os principais problemas que afectam a maioria da população e limitam o desenvolvimento do País: os baixos salários, o aumento do custo de vida (em que as despesas com a habitação ocupam peso significativo), e as dificuldades de acesso aos serviços públicos, com especial incidência na Saúde.

Os deputados no Parlamento Europeu João Pimenta Lopes e Sandra Pereira percorreram o distrito de lés a lés em cerca de 40 iniciativas com trabalhadores de 15 empresas e locais de trabalho, com estudantes do Instituto Politécnico de Leiria, com produtores de Pera Rocha e de outros produtos agrícolas, com comerciantes, reformados e utentes dos serviços de saúde, com pais, crianças e profissionais em infantários, num vasto conjunto de debates sobre direitos, desenvolvimento das localidades e da região, património e cultura.

Os deputados contactaram as populações de Leiria, Marinha Grande, Vieira de Leiria, Nazaré, Valado dos Frades, Peniche, Caldas da Rainha, Alcobaça, Pombal e Maçãs D. Maria.

Pouco dinheiro para tanto mês

Os trabalhadores da fábrica de Porcelanas SPAL convergem com os restantes trabalhadores do distrito quando afirmam que «é preciso mais dinheiro na carteira» e que é necessário acabar com a instabilidade no emprego em que constantemente a empresa os coloca. Na Crisal, empresa de cristalaria na Marinha Grande, fala-se do desgaste da precariedade e do trabalho por turnos. No hospital de Leiria, os trabalhadores queixam-se dos problemas que afectam a Administração Pública, como as carreiras e os vínculos.

Os comerciantes de Leiria queixam-se da falta de poder de compra, os comerciantes da Nazaré e de Peniche afirmam-se vítimas da sazonalidade do negócio e os pequenos produtores no Mercado da Fruta nas Caldas da Rainha asseguram ter pouca força para resistir à pressão das grandes superfícies.

Os estudantes da ESTG em Leiria e da ESAD na Caldas da Rainha contam as dificuldades que sentem ao verem-se obrigados a trabalhar para conseguir manter os estudos. O problema da habitação ganha especial dimensão na ESAD, com o anúncio do encerramento de uma residência com cerca de 200 estudantes.

«Não nos podemos deixar adormecer»

Porém, não foram as queixas e lamentações a marcar as iniciativas e contactos. Foram muitos os exemplos de luta e determinação registadas nas conversas: «Não nos podemos deixar adormecer», dizia uma mulher na Nazaré enquanto expressava o seu apoio à iniciativa do PCP.

«Isto não tem de ser assim, há soluções, há proposta e opções políticas», afirmaram por diversas vezes João Pimenta Lopes e Sandra Pereira. Existem alternativas para o País que passam pela mudança de política, pela valorização dos trabalhadores, da produção nacional e pela afirmação do País perante os interesses e imposições das potências da União Europeia.