Não haverá limites?

Filipe Diniz

É relembrado o físico norte-americano J. Robert Oppenheimer. O seu trabalho científico foi utilizado para os dois maiores crimes de guerra cometidos até hoje. Depois de Hiroxima e Nagasáqui terá citado um texto sagrado hindu: «Agora tornei-me Morte, o Destruidor de Mundos». Ainda passou mais. Os mesmos EUA que utilizaram criminosamente os resultados da sua investigação perseguiram-no politicamente. Teve de sofrer o macartismo. Aliás, um texto seu de 1953 pode já ecoar essa fortíssima pressão.

O homem que sabia quem produzira e utilizara a arma atómica – e estava na disposição de a utilizar de novo – queixa-se de que «uma paz e liberdade duradoura» deixara de ter perspectivas por falta de «abertura, amizade e cooperação»… por parte da URSS.

Perante a condenação mundial suscitada pelas imagens aterradoras desses bombardeamentos, a mentira entrara em acção. Não sendo possível ocultar o crime, tentava-se esconder quem o cometera e qual a ameaça real.

Convém tomar a afirmação de que «a verdade é sempre revolucionária», com a devida moderação (o que torna revolucionário seja o que for vai muito para além da sua «verdade»). Mas o inverso merece atenção. Para os povos é vital entender que acção ou política que mente e aldraba sistematicamente só pode ser a dos seus inimigos.

Veja-se a casta dirigente EUA/NATO/UE: não há limites para a falta de vergonha. Sejam Biden, ou Borrell, ou Stoltenberg, ou Trudeau, ou Von der Leyen, ou a legião dos respectivos papagaios mediáticos, basta abrirem a boca. Von der Leyen foi, como de costume, ainda mais longe do que seria imaginável. De visita ao Japão, falou de Hiroxima e Nagasáqui. Não só ignorou os responsáveis como tentou associar a URSS a esses crimes: «a Rússia ameaça utilizar de novo a arma nuclear». Gente desta irá tão longe quanto os deixarem.



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