Moção de censura revela cumplicidades de fundo
Os problemas do País são, para o Chega, «apenas motivo para esbracejar, mas nunca para resolver. Instrumentalizam a desgraça dos outros, aproveitam as dificuldades em proveito próprio», afirmou no dia 19 a deputada do PCP Alma Rivera, no debate da moção de censura apresentada pelo partido de extrema-direita (que foi rejeitada pelo PS e contou apenas com os votos dos deputados do Chega e da Iniciativa Liberal).
A própria apresentação da moção prova-o, salientou Alma Rivera: «não quer resolver nada, não serve para nada, apenas para a disputa partidária à direita. Sem alternativas e, para lá da retórica, o Chega é profundamente cúmplice com as opções de fundo do Governo.»
Começando por salientar que a política do PS deve efectivamente ser «criticada e censurada», e motivos não faltam para isso, a deputada comunista questionou acerca da alternativa que o Chega aponta para cada uma das áreas: não é o aumento dos salários e das pensões, contra o qual tem sucessivamente votado; não é uma política fiscal mais justa, não se importando que os lucros gerados em Portugal não sejam cá tributados e mantendo um «silêncio cúmplice quando se fala dos donos disto tudo»; não é a defesa do SNS, antes a sua privatização; não é a revogação da lei dos despejos, mas mais financiamento ainda para o negócio da habitação; não é a defesa da escola pública, mas o regresso ao passado e a privatização da educação.
O Chega, acrescentou, não tem pudor «de defender tudo e o seu contrário, consoante o vento sopre». Pois bem, concluiu, «o País não precisa disto», mas sim de «soluções e de justiça social», de uma política «verdadeiramente ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País». Algo totalmente ausente da moção de censura e de quem a promoveu.