Apoio da Santa Casa gera olímpicas preocupações
O PCP pretende que seja esclarecida a alteração do apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ao desporto e denuncia «a persistente e crescente dependência do sector das receitas provenientes dos jogos sociais».
Ao Governo cabem medidas imediatas e de fundo no apoio ao desporto
A reacção do Partido foi motivada pela «intenção manifestada», por parte da SCML «junto de diversas Federações Desportivas, do Comité Olímpico de Portugal, do Comité Paralímpico de Portugal e da Confederação do Desporto de Portugal, sobre a necessidade de revisão do plano de patrocínios, alegando a conjuntura económico-social vivida no País».
A instituição, questionada pela Lusa, veio, entretanto, assegurar que o processo em curso «não coloca em causa o projecto olímpico para 2024» e defende «um modelo de parceria mais equilibrado e criterioso» não apenas no patrocínio do desporto mas com outros sectores. E essa é, para o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, uma questão nodal, uma vez que não será compreensível se os cortes não forem aplicados de forma equitativa e equilibrada.
O presidente da Federação Académica do Desporto Universitário, Ricardo Nora, também expressou compreensão pela decisão da SCML, contudo advertiu para «o risco de perder e não apoiar devidamente uma das melhores gerações de desportivas».
Verdadeira questão
Já o PCP pretende que a SCML esclareça com urgência as consequências e dimensão do anúncio, particularmente «numa fase determinante», a «um ano dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024». Seja como for, tal «testemunha a evidente desvalorização das entidades, dos atletas e de todos quantos intervêm nesta área, expondo à evidência as dificuldades para o cumprimento do papel e funções que o Desporto deveria assumir no País como as dimensões social, de saúde pública, económica, educativa e recreativa».
O Partido vai mesmo mais longe ao considerar que «esta situação, a confirmar-se, expõe ainda a persistente e crescente dependência do sector das receitas provenientes dos jogos sociais, como há muito o PCP vem alertando e apresentando propostas, sempre rejeitadas, para que as verbas correspondentes sejam inseridas em sede de Orçamento do Estado, garantindo o financiamento estável e previsível que esta dimensão do Desporto reclama».
Neste sentido, «através do seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República», o PCP questionou o Governo, «nomeadamente sobre quais as consequências que esta decisão, a ser confirmada, terá na preparação e participação dos atletas e equipas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024, bem como as medidas que irá tomar para alterar a dependência do Desporto em Portugal das receitas dos jogos sociais».