França acusada de instigar intervenção militar no Níger

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) adiou por alegadas «razões técnicas» uma reunião prevista para sábado, 12, de chefias militares de alguns países da organização para examinar a situação no Níger, onde ocorreu recentemente um golpe de Estado.

Militares nigerinos acusam França de incentivar intervenção militar da CEDEAO

Segundo fontes militares em Acra, na referida reunião, marcada para a capital do Gana, os chefes dos estados-maiores das forças armadas de parte dos 15 países da CEDEAO tinham previsto discutir as diferentes opções, depois de ter sido decidida a activação de uma «força militar de reserva» para eventual intervenção no Níger.

A reunião, agora sem data de realização definida, foi cancelada depois de, na véspera, milhares de manifestantes se terem juntado defronte da base militar de França no Níger, nos arredores de Niamey, exigindo a saída das tropas francesas do seu país e apoiando o auto-denominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria e as forças armadas nigerinas.

A França, antiga potência colonial e com grandes interesses económicos (exploração de urânio, sobretudo, e ouro) no Níger, tem em solo nigerino cerca de 1500 soldados e uma base área militar, no quadro de uma missão criada há anos supostamente para combater os grupos radicais islâmicos na zona do Sahel.

Em Abuja, capital da Nigéria, os chefes de Estado da CEDEAO (sem a presença de representantes das autoridades que governam o Mali, o Burkina Faso e a Guiné), reuniram-se uma vez mais no dia 17 para analisar a situação no Níger e decidiram activar uma força regional militar de reserva para intervir no país após a deposição do presidente Mohamed Bazoum, derrubado por militares no dia 26 de Julho.

Ao mesmo tempo que ameaça com a intervenção militar que levaria a um grave confronto e à desestabilização de toda a região, o presidente da Nigéria e da CEDEAO, Bola Ahmed Tinubu, defendeu que se procure através de vias diplomáticas uma solução política para a crise no Níger. Num discurso perante os seus pares da organização regional, expressou a opinião de que se devem entabular «conversações sérias com todas as partes envolvidas no conflito», incluindo as novas autoridades em Niamey.

 

Argélia rejeita qualquer
intervenção armada no Níger

 

Neste contexto de extrema tensão, os Estados Unidos da América, que dispõem também de uma base militar neste país africano, em Agadez, ao mesmo tempo que ameaçam com a intervenção militar e aplicam sanções com os seus aliados europeus e africanos contra o Níger, jogam numa solução através do diálogo e da diplomacia.

Destaque-se a posição da Argélia, vizinha do Níger, que rejeita «categoricamente» qualquer intervenção armada, que iria «incendiar» toda a zona do Sahel.

De igual modo, países como Mali, Burkina Faso e Guiné, membros da CEDEAO mas suspensos, onde os militares chegaram ao poder através de golpes de Estado, solidarizaram-se com os militares nigerinos e avisaram as instâncias internacionais que devem evitar o uso da força contra Niamey, acção que, a concretizar-se, provocaria uma ainda maior desestabilização regional.

Ou ainda de Cabo Verde, membro da CEDEAO, ou do Chade, que é governado por uma junta militar e alberga tropas francesas mas que se opõe a uma intervenção armada no Níger.

Ou ainda que, mesmo na Nigéria – que preside actualmente à CEDEAO –, membros do senado e outros dirigentes pronunciaram-se contra uma acção de força no Níger, instando o presidente Bola Tinubu a reconsiderar a intervenção militar. Entretanto uma missão de religiosos da Nigéria deslocou-se a Niamey para uma tentativa de mediação, tendo sido recebida pelo primeiro-ministro designado pela junta militar nigerina, Ali Lamine Zeine, um economista que fazia parte do anterior governo.




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