França ameaça intervir no Níger após golpe de Estado militar
A embaixada de França em Niamey estava rodeada de forças de segurança nigerinas, na segunda-feira, 31 de Julho, depois das manifestações da véspera a exigir o fim da presença de tropas francesas no Níger e a apoiar a junta militar que tomou o poder no país.
O Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), que protagonizou o golpe de Estado, considerou que os protestos populares foram provocados pela atitude desestabilizadora de alguns governos ocidentais, que procuram uma acção armada no Níger. Avisou que qualquer intervenção externa, seja qual for a sua procedência, teria consequências desastrosas e incontroláveis para o país. E acusou a França de ameaçar intervir militarmente para repor no poder o presidente afastado.
O presidente francês, Emmanuel Macron, ameaçou dar uma resposta dura se cidadãos ou interesses franceses forem atacados no Níger. Paris, Bruxelas e Washington anunciaram a suspensão imediata de toda a cooperação económica com o Níger.
A junta militar anunciou, no dia 28, a destituição do presidente Mohamed Bazoum, que se encontra detido, e a suspensão das instituições, assim como o fecho das fronteiras e o recolher obrigatório nocturno. O líder do CNSP é o general Abdurahamane Tchiani, até agora chefe da guarda presidencial, que justificou o golpe pela deterioração da situação de segurança nacional, a par da crise económica e social.
Nações Unidas, União Africana, União Europeia e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), além de diversos países, condenaram o golpe e exigiram a libertação de Bazoum e o fim da sublevação. A Cedeao não exclui mesmo o «uso da força».
O Níger acolhe uma base aérea militar francesa, em Niamey, com cerca de 1500 soldados, e uma outra norte-americana, em Agadez, com um milhar de efectivos, incluindo forças especiais, que actuam numa vasta área do Sahel.