FNAM procura acordo amanhã para salvar o SNS
A reunião com os sindicatos, que o ministro da Saúde marcou para amanhã, à tarde, representa para a Federação Nacional dos Médicos «uma derradeira tentativa para conseguir um acordo de princípio que seja capaz de salvar o SNS».
«Vamos para essa reunião com o compromisso de Manuel Pizarro de apresentar uma proposta que incorpore as reivindicações da FNAM», afirmou anteontem a Comissão Executiva da federação. Numa nota de imprensa, a FNAM lembrou que «tem defendido um modelo equilibrado, capaz de concretizar a valorização salarial para todos os médicos, reduzir horários semanais em urgência e as horas extraordinárias, desenhar um novo regime de trabalho, defender e integrar os internos no primeiro escalão da carreira, sem abrir mão do descanso compensatório e da universalidade dos direitos que visam a segurança dos médicos e dos doentes».
«Lamentavelmente», ainda não tinha chegado «essa proposta do Ministério da Saúde – que inclua a revisão da tabela salarial para todos os médicos – para que se saiba, atempadamente, em que assuntos o MS avançou ou não, e garantir que a reunião de 21 de Julho seja efectivamente conclusiva».
Reconhecendo que, «não obstante o nosso empenho nas negociações, o resultado não depende de nós, mas da vontade política do Ministério», a FNAM assegura que «seremos os primeiros a manter e intensificar as formas de luta, caso nos deparemos com mais um simulacro negocial». Ou seja, «não só manteremos a greve nos dias 1 e 2 de Agosto, como seremos obrigados, devido à intransigência e ao radicalismo do Ministério da Saúde, a reforçar o calendário de luta em defesa do futuro do SNS».
Jovens médicos
Na greve de 5 e 6 de Julho, com índices de adesão de 90 e 95 por cento (respectivamente), «foi clara a adesão massiva dos médicos em início de carreira, sejam internos, sejam recém-especialistas». Além de reforçar «as nossas convicções relativamente às propostas que temos apresentado» desde há 14 meses ao Ministério, isso significa que «nenhum acordo poderá ser aceite pela FNAM, caso ele hipoteque o futuro dos jovens médicos», declarou a federação, numa nota de dia 10.
Nessa altura, foi citado um estudo do economista Eugénio Rosa, que veio dar mais força à argumentação dos médicos, em particular quanto à insuficiência das verbas previstas no Orçamento do Estado de 2023 e na dotação orçamental, relativamente à necessidade de «remunerações dignas e uma carreira digna» dos médicos no SNS.
Foi destacado ainda o facto de a greve ter demonstrado «uma grande unidade da classe».