Vale a pena lutar e resistir

A uni­dade e a luta dos tra­ba­lha­dores e a per­sis­tência da acção sin­dical foram a chave para os re­sul­tados po­si­tivos ob­tidos na Barbot, na Pemel Metal, nos CTT (Moita), na Al­li­ance He­alth­care e nas IPSS.

Em duas em­presas os tra­ba­lha­dores re­cor­reram à greve pela pri­meira vez

Esta se­gunda-feira, dia 10, a FEC­TRANS/​CGTP-IN saudou os car­teiros do Centro de Dis­tri­buição Postal dos CTT na Moita (CDP 2860), que «viram as suas rei­vin­di­ca­ções con­cre­ti­zadas». Entre 14 e 23 de Junho, aqueles tra­ba­lha­dores fi­zeram greve às duas úl­timas horas de cada dia de tra­balho, re­cla­mando me­lhores con­di­ções de tra­balho, quer por via da con­tra­tação de pes­soal em falta, quer com a atri­buição de mais vi­a­turas, para pôr termo aos «giros» so­bre­di­men­si­o­nados e à so­bre­carga de tra­balho.

Como se re­feria numa sau­dação dos eleitos da CDU na As­sem­bleia de Fre­guesia da Moita, en­tregue aos tra­ba­lha­dores em luta no dia 22 de Junho, apenas sete car­teiros es­tavam a ga­rantir o ser­viço, numa área com cerca de 40 mil ha­bi­tantes.

Nas Tintas Barbot, em Vila Nova de Gaia, e na Pemel Metal, em Leça do Balio, onde os tra­ba­lha­dores de­ci­diram fazer greve, pela pri­meira vez, foram ob­tidos au­mentos sa­la­riais e avanços em ou­tras rei­vin­di­ca­ções, como re­velou o SITE Norte.

Na Pemel Metal, as greves de uma hora por turno, com con­cen­tração à porta da em­presa, contra a «gra­ti­fi­cação de ba­lanço» que a ad­mi­nis­tração aplicou em vez de ac­tu­a­lizar sa­lá­rios, foram mar­cadas para cinco quartas-feiras, de 31 de Maio a 28 de Junho.

O des­con­ten­ta­mento ficou claro logo no pri­meiro dia. Uma se­mana de­pois, «pro­cu­rando di­vidir os tra­ba­lha­dores, a ad­mi­nis­tração anun­ciou um novo valor para o sub­sídio de re­feição». Só que, como re­latou o sin­di­cato, «em vez de di­vidir, isto veio re­forçar a uni­dade dos tra­ba­lha­dores e a de­ter­mi­nação para aderir em força à luta», re­a­fir­mando a exi­gência da in­te­gração da «gra­ti­fi­cação de ba­lanço» no sa­lário-base.

Na quarta-feira se­guinte, dia 14, a ad­mi­nis­tração co­mu­nicou que iria cor­res­ponder a esta rei­vin­di­cação.

Só houve «ver­da­deira ne­go­ci­ação» na Barbot de­pois de os tra­ba­lha­dores terem feito greves de uma hora, nas cinco quintas-feiras do mês de Maio, e terem re­sol­vido in­ten­si­ficar a luta, mar­cando greves de duas horas, para 20, 22 e 28 de Junho. Exi­giam um au­mento sa­la­rial de 55 euros, a acrescer à ac­tu­a­li­zação apli­cada em Ja­neiro, e a igua­li­zação dos va­lores do sub­sídio de ali­men­tação.

Em Maio, as pro­postas pa­tro­nais vi­nham sempre acom­pa­nhadas de con­tra­par­tidas ina­cei­tá­veis. Pe­rante as novas greves, «a ad­mi­nis­tração apressou-se a marcar uma reu­nião com o sin­di­cato para dia 19 e fez-se re­pre­sentar ao mais alto nível, o que não acon­te­cera nas reu­niões an­te­ri­ores». No dia 20, os tra­ba­lha­dores em greve, reu­nidos à porta da em­presa, dis­cu­tiram a nova po­sição pa­tronal e apro­varam uma con­tra­pro­posta, de ime­diato le­vada por uma de­le­gação sin­dical à ad­mi­nis­tração, que a aceitou «na to­ta­li­dade».

De­pois da in­ter­venção sin­dical e da emissão de um pa­recer da Co­missão para a Igual­dade no Tra­balho e no Em­prego, uma tra­ba­lha­dora da Al­li­ance He­alth­care, com um filho menor, viu re­co­nhe­cido o seu di­reito a um ho­rário fle­xível. Numa in­for­mação aos tra­ba­lha­dores, o SITE CSRA (Centro-Sul e Re­giões Au­tó­nomas) va­lo­rizou esta vi­tória e rei­terou que «é pre­ciso que as em­presas as­sumam a res­pon­sa­bi­li­dade so­cial que tanto apre­goam».

Com efeitos a partir de 1 de Julho do ano pas­sado, foi pu­bli­cada a ta­bela sa­la­rial para os tra­ba­lha­dores das Ins­ti­tui­ções Par­ti­cu­lares de So­li­da­ri­e­dade So­cial (IPSS), anun­ciou na se­mana pas­sada o CESP/​CGTP-IN. Num co­mu­ni­cado, o sin­di­cato re­fere que con­tinua as ne­go­ci­a­ções «pelo au­mento justo dos sa­lá­rios para 2023, pela va­lo­ri­zação das car­reiras e ca­te­go­rias pro­fis­si­o­nais».

O CESP in­formou ainda que as santas casas de Mi­se­ri­córdia de Gui­ma­rães e de Viana do Cas­telo pas­saram a aplicar o con­trato co­lec­tivo de tra­balho das IPSS, cum­prindo a por­taria de ex­tensão. O sin­di­cato as­si­nalou que isto se traduz em au­mento dos sa­lá­rios, re­dução da carga ho­rária, re­mu­ne­ração do tra­balho em dias fe­ri­ados e pa­ga­mento de diu­tur­ni­dades.

A apli­cação do CCT das IPSS era exi­gida há mais de meio ano, re­cordou o CESP. Esta exi­gência foi uma das prin­ci­pais que mo­ti­varam a greve na­ci­onal, a 9 de Junho, dos tra­ba­lha­dores das santas casas de Mi­se­ri­córdia.

 



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