EUA interferem no Iémen nas conversações de paz
Os EUA intensificaram as suas actividades diplomáticas em torno do conflito no Iémen, após o início de conversações entre os houthis e a Arábia Saudita. Um alto dirigente houthi avisou que Washington procura obstruir os esforços de paz.
Washington tenta obstaculizar esforços de paz entre houthis e sauditas
Mahadi al-Mashat, chefe do Conselho Político Supremo do Iémen, liderado pelos houthis, afirmou que os EUA estão a tentar obstaculizar as negociações em curso entre houthis e Arábia Saudita visando pôr termo à guerra no Iémen, que dura já há nove anos. Al-Mashat aconselhou as autoridades sauditas a acautelar-se com as intenções norte-americanas.
Al-Mashat acusou os EUA de dificultar a libertação dos prisioneiros de guerra houthis e o controlo dos grupos apoiados pelos sauditas, segundo o canal árabe de informação Al-Mayadeen, com sede em Beirute.
Centenas de prisioneiros dos dois lados foram trocados na semana passada, após as recentes negociações de paz mediadas por Omã entre os houthis e a Arábia Saudita. As conversações resultam da reaproximação entre a Arábia Saudita e o Irão, mediada pela China.
Numa outra declaração, al-Mashat alertou também Riad para as tentativas dos EUA de pressionar os sauditas no sentido de atrasar as negociações e pediu-lhes que «não se rendessem» a tais pressões. Referiu-se ao telefonema entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Faisal bin Farhan, no dia 18 de Abril, e pediu «um processo de paz iemenita-iemenita mediado pela ONU, com o objetivo de alcançar uma solução abrangente para o conflito». Sabe-se também que o enviado especial da administração Biden para o Iémen, Tim Lenderking, e o chefe da CIA, William Burns, visitaram Riad há duas semanas, num quadro de crescentes divergências entre os EUA e a Arábia Saudita, após o restabelecimento de relações deste país com o Irão e a sua decisão, no início deste mês, de reduzir a produção de petróleo.
Os houthis estão apreensivos face aos indícios de que Washington está a interferir nas negociações de paz, já que os EUA foram os mais importantes apoiantes da coligação internacional liderada pela Arábia Saudita, que travou uma guerra contra eles desde 2015.