39.º Congresso do PCF realizado em Marselha

O 39.º Con­gresso do PCF, re­a­li­zado de 7 a 10 de Abril, em Mar­selha, re­e­legeu como se­cre­tário na­ci­onal, Fa­bien Roussel, para um novo man­dato. O PCP es­teve re­pre­se­tado no Con­gresso por João Frazão, membro da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral.

O Se­cre­tário Na­ci­onal dos co­mu­nistas fran­ceses, Fa­bien Roussel, con­si­derou na se­gunda-feira, 10, na sua in­ter­venção de en­cer­ra­mento do 39.º Con­gresso do PCF, que a França deve re­en­con­trar a so­be­rania na sua po­lí­tica ex­terna, eman­ci­pando-se dos EUA e da NATO.

Em seu en­tender, essa seria uma das con­di­ções ne­ces­sá­rias para que a França seja livre e adopte uma po­lí­tica ex­terna in­de­pen­dente, o que re­pre­sen­taria a pos­si­bi­li­dade de não ter de en­volver-se em con­flitos que não são os seus. «A voz da França deve estar ao ser­viço da paz, do diá­logo, da co­o­pe­ração e da se­gu­rança co­lec­tiva», con­si­derou.

Fa­bien Roussel instou o go­verno francês a tra­ba­lhar por todo o mundo para que se en­contre uma so­lução ur­gente e ne­go­ciada para o con­flito na Ucrânia.

Sobre a si­tu­ação in­terna em França, des­tacou a mo­bi­li­zação dos úl­timos três meses na luta contra a re­forma das pen­sões e fus­tigou o pre­si­dente Em­ma­nuel Ma­cron por mantê-la apesar da re­jeição dos sin­di­catos e da mai­oria da po­pu­lação.

«Exi­gimos ao pre­si­dente que res­peite os fran­ceses e re­tire a lei da re­forma das pen­sões – será a única coisa boa que faz desde a sua eleição –, mas se não quiser fazê-lo ao menos que per­mita ao povo ex­pressar-se num re­fe­rendo sobre o as­sunto», afirmou.

Para o di­ri­gente co­mu­nista, o de­safio é cons­truir uma al­ter­na­tiva de pro­gresso para der­rotar a ex­trema-di­reita e ga­rantir uma «França livre, forte e feliz», li­berta do ca­pital pre­dador, da cor­rupção, dos trá­ficos, do do­mínio fi­nan­ceiro e da fraude fiscal que de­la­pida os re­cursos pú­blicos. «Este é o nosso pacto, esta é a nossa pro­posta aos fran­ceses», re­sumiu, de­fen­dendo novos acordos so­ciais ba­se­ados na co­o­pe­ração e no res­peito pelos tra­ba­lha­dores, pelo meio am­bi­ente e pelos ser­viços pú­blicos.

 

PCP pre­sente

O PCP, que es­teve re­pre­sen­tado no con­gresso por João Frazão, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, en­viou uma men­sagem ao PCF, onde des­taca as his­tó­ricas tra­di­ções de luta dos co­mu­nistas fran­ceses, assim como a sua so­li­da­ri­e­dade com a luta dos co­mu­nistas por­tu­gueses nos duros tempos da di­ta­dura fas­cista em Por­tugal.

Na mis­siva faz votos de que o Con­gresso re­pre­sente um im­por­tante passo no for­ta­le­ci­mento do PCF e do seu im­pres­cin­dível papel na so­ci­e­dade fran­cesa, «no in­te­resse da classe ope­rária e do povo francês e da causa do pro­gresso so­cial, da paz e do so­ci­a­lismo». E ma­ni­festa a von­tade do PCP de pros­se­guir as tra­di­ci­o­nais re­la­ções de ami­zade e co­o­pe­ração entre os dois par­tidos, in­cluindo «na luta por uma Eu­ropa de co­o­pe­ração entre Es­tados so­be­ranos e iguais em di­reitos, de pro­gresso so­cial e de paz».

Con­si­derou que o Con­gresso do PCF tem lugar numa si­tu­ação in­ter­na­ci­onal de grande ins­ta­bi­li­dade e in­cer­teza, em que a po­lí­tica de con­fron­tação e guerra con­du­zida pelos EUA, com os seus ali­ados, contra os países que afirmem a sua so­be­rania e in­de­pen­dência, está a con­duzir o mundo à beira do abismo.

Des­tacou que a dra­má­tica si­tu­ação criada no Leste da Eu­ropa com os EUA, a NATO e a União Eu­ro­peia (UE) a re­cu­sarem uma so­lução po­lí­tica para a guerra na Ucrânia, a de­riva mi­li­ta­rista da UE e a sua sub­missão ao im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e a es­ca­lada agres­siva em re­lação à Re­pú­blica Po­pular da China são «mo­tivo da maior in­qui­e­tação e exigem a mais ampla mo­bi­li­zação e luta das forças anti-im­pe­ri­a­listas e amantes da paz». Ao mesmo tempo que, en­fa­tizou, «o grande ca­pital in­siste na sua vi­o­lenta ofen­siva ex­plo­ra­dora e de re­tro­cesso so­cial».

Para o PCP, porém, o im­pe­ri­a­lismo não tem as mãos li­vres para impor a sua po­lí­tica de he­ge­monia mun­dial: «A crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo aí está com cres­centes ex­pres­sões, no­me­a­da­mente na es­fera fi­nan­ceira. Con­tinua em de­sen­vol­vi­mento um pro­cesso de re­ar­ru­mação de forças no plano mun­dial des­fa­vo­rável aos in­tentos do im­pe­ri­a­lismo. Sob as formas mais di­versas, pros­segue a luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos em de­fesa dos seus di­reitos, de que as lutas po­pu­lares em França contra a po­lí­tica re­ac­ci­o­nária do go­verno de Ma­cron, assim como as lutas nou­tros países da Eu­ropa, são exemplo pró­ximo».

Na opi­nião do PCP, «há ra­zões para con­fiar em que, per­sis­tindo na luta e com o re­forço dos par­tidos co­mu­nistas e de­mais forças pro­gres­sistas e anti-im­pe­ri­a­listas, será pos­sível der­rotar os que apostam no fas­cismo e na guerra e avançar pelo ca­minho da co­o­pe­ração, da se­gu­rança e da paz na Eu­ropa e no mundo».





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