Cresce nas lutas de hoje a mobilização para dia 18

Objectivos comuns sobressaem nas lutas de trabalhadores da Administração Pública e das empresas privadas, todos chamados para a manifestação nacional que a CGTP-IN marcou para 18 de Março, em Lisboa.

Os objectivos comuns ganham mais força na manifestação nacional

O aumento geral dos salários e das pensões, a valorização das carreiras e profissões e a defesa dos serviços públicos, especialmente na Educação e na Saúde, marcam estas lutas e destacam-se entre os objectivos colocados pela confederação para a realização da manifestação, com concentrações marcadas para as 15 horas, no Saldanha (sector privado) e nas Amoreiras (Administração Pública).

A «necessidade de fazer convergir a luta desenvolvida e em desenvolvimento» foi realçada pelo Conselho Nacional da CGTP-IN, como uma das principais razões para chamar «todos a Lisboa» naquele sábado.

O esforço de mobilização e organização está a ser concretizado pelos sindicatos, federações e uniões, em iniciativas de contacto e informação, particularmente nos locais de trabalho. Desse esforço fazem parte também múltiplas acções de protesto e luta, de algumas das quais damos notícia nestas páginas.

 

Em greve e na rua

Os trabalhadores da fábrica da Hanon Systems, em Palmela, concluem hoje uma série de greves parciais, de uma hora por turno, iniciada na segunda-feira, e fazem amanhã greve por 24 horas, porque tiveram «fraca resposta» patronal ao seu caderno reivindicativo e, em especial, ao aumento dos salários.
Exigem ainda condições para tomarem as refeições e a abertura do posto médico durante todo o período de prestação de trabalho.
Por estes motivos, já tinham feito greve e saído à rua no dia 26 de Janeiro.

Pela quarta vez, em semanas consecutivas, os trabalhadores da fábrica da Aptiv, em Braga, fizeram greves parciais no dia 23 de Fevereiro, reclamando aumento salarial de 100 euros, diuturnidades para todos, redução do horário em 30 minutos, fim do trabalho ao sábado à noite e fim da precariedade. Mantém-se ainda uma greve ao trabalho suplementar.

Por aumentos salariais e em defesa do direito à terça-feira de Carnaval como feriado (negado pela empresa depois de a associação patronal APIC ter provocado a caducidade do contrato colectivo), os trabalhadores do Grupo Montalva fizeram greve a 21 de Fevereiro.
Ao final da manhã, realizou-se uma concentração junto da Izidoro, no Montijo, com pessoal desta fábrica e também do Centro de Abate de Suínos do Oeste (CASO, no Milharado, Mafra), do mesmo grupo. No protesto esteve presente, a expressar solidariedade, Paula Santos, da Comissão Política do Comité Central do PCP e deputada.

No dia 22, quarta-feira, dia de «enterro do Entrudo», o CESP/CGTP-IN realizou em Torres Vedras uma acção de denúncia da proposta salarial da Associação Comercial, Industrial e de Serviços da Região Oeste (Aciro), para os trabalhadores do sector naquele concelho e também da Lourinhã, Cadaval e Sobral de Monte Agraço. O «enterro do bacalhau», realizado durante a manhã, frente a estabelecimentos associados da Aciro, reafirmou a exigência de aumentos salariais, valorização da antiguidade e dignificação das categorias profissionais.

Dirigentes e activistas do CESP e da União dos Sindicatos de Lisboa levaram a cabo, na sexta-feira, 24 de Fevereiro, durante a manhã, uma acção de contacto com trabalhadores do Centro Comercial UBBO (antigo Dolce Vita Tejo, na Amadora), defendendo aumento dos salários, melhores condições de trabalho e negociação dos contratos colectivos de trabalho.

Depois do protesto realizado a 9 de Fevereiro, em frente à sede da CP, os trabalhadores da Apeadeiro 2020 decidiram ir ontem, em dia de greve, manifestar-se junto do Ministério das Infra-estruturas, para exigirem o pagamento dos salários e medidas para garantir os postos de trabalho e o serviço de refeições nos comboios de longo curso da CP. A concessionária, que já pagou tarde os salários de Janeiro, alijou responsabilidades e a CP não tomou posição.

Assistentes de sala do MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa), que no dia 9 realizaram um protesto no exterior das instalações para exigirem melhores condições laborais e vínculo à Fundação EDP, que gere o equipamento, reuniram-se na passada quinta-feira, dia 23, com representantes da administração do Grupo EDP. Estes insistiram na tese de que aqueles 26 trabalhadores são «prestadores de serviços», para defenderem a legalidade dos recibos verdes. O problema iria ser discutido esta semana pelos trabalhadores com a administração da fundação.

 

Avanços para continuar

Na Alliance Healthcare Portugal (líder na distribuição farmacêutica, com escritórios centrais e armazém no Forte da Casa, em Alverca), foi conseguida uma actualização salarial entre 80 e 100 euros, nos salários mais baixos, e de 2,5 por cento, nos mais elevados, com efeitos retroactivos a Janeiro. Tal sucedeu, como assinalou o SITE CSRA, «ao fim de várias resoluções, plenários e acções de protesto», porque «os trabalhadores mantiveram-se unidos na luta pelas suas propostas reivindicativas» e apresentaram uma resolução «que direccionava para a luta».
Numa nota de 27 de Fevereiro, o sindicato afirma que «os resultados foram positivos, mas a reivindicação e a luta não vão parar», elencando várias questões que exigem solução e assinalando que os valores apresentados pela empresa «ainda ficam longe daquilo que pode ser praticado e não resolvem os problemas causados pela perda de poder de compra».

Na Fima-Olá, em Santa Iria de Azóia, «foi possível chegar a um aumento salarial de cinco por cento e ao pagamento de um prémio de 500 euros ilíquidos, em resultado da luta desenvolvida e perante as propostas dos trabalhadores para lhe dar continuidade», notou o SITE CSRA, destacando a greve de 11 de Janeiro e a preparação para o Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta (9 de Fevereiro).
O sindicato reconhece, numa nota de dia 24, que «os aumentos verificados não resolvem todos os problemas criados pela inflação e a perda de poder de compra», mas «são um passo importante nessa recuperação». E alerta que «a melhor forma de os trabalhadores continuarem este caminho é manterem o reforço das suas organizações e um nível alto de participação nas mesmas».

A Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) comunicou ao Strup que, a partir de Abril (dependendo de soluções tecnológicas), os reformados e familiares de trabalhadores da Rodoviária de Lisboa, Alvorada, TST e Alsa Todi vão ter direito a transporte sem custos, nos termos previstos na contratação colectiva.
O sindicato da Fectrans/CGTP-IN considerou tratar-se de «mais uma vitória para os trabalhadores», depois de esse direito ter sido assegurado na Carris Metropolitana (a marca, criada pela TML, sob a qual operam as empresas concessionárias), na Carris, no Metropolitano de Lisboa, na Transtejo e na Soflusa.
«Após várias reuniões», «não foi uma solução fácil, mas o importante é que sejam repostos os direitos», comentou o Strup, no dia 20 de Fevereiro, recordando que «o processo da liberalização dos transportes pesados de passageiros tem trazido complexidades difíceis de ultrapassar» e que deve ser garantido o cumprimento do contrato colectivo assinado com a associação patronal Antrop.

 



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