A luta já provou que conquista, é ela que permite avançar mais

A acção dos trabalhadores da fileira da pedra foi decisiva para a aprovação da sua reforma antecipada. É a luta que vai garantir a elevação dos salários daqueles que se mantêm no activo, dos rendimentos dos que já se reformaram e do acesso ao direito a reformarem-se, sublinhou Paulo Raimundo em Bencatel.

«Se conseguimos o que conseguimos, foi pela vossa luta»

O Secretário-geral do PCP esteve, faz hoje uma semana, no concelho de Vila Viçosa. Um périplo que começou num almoço com ex-trabalhadores das pedreiras e da transformação de mármore, em Bencatel, e terminou, ao fim da tarde, num contacto e conversa à porta de uma empresa.

Sempre acompanhado por Patrícia Machado, da Comissão Política do PCP, e por dirigentes locais do Partido, Paulo Raimundo dirigiu algumas palavras aos reformados no final do almoço. As primeiras, para lhes lembrar que foi a sua acção reivindicativa – persistente, organizada e unida, que assegurou a aprovação de uma antiga aspiração: a reforma antecipada daqueles que laboram na fileira da pedra.

«Se conseguimos o que conseguimos, não foi pelas vírgulas bonitas que pusemos [na iniciativa legislativa do PCP]. Foi pela vossa luta», concretizou o dirigente comunista, que, acto contínuo, apelou aos presentes a que «agarrem essa força decisiva» e levem-na «àqueles que continuam na exploração».

Isto porque as lutas pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, nos seus rendimentos e direitos, não está terminada. «Longe disso». Os baixos salários confrontados com o brutal aumento do custo de vida, aí estão a reclamá-la, prosseguiu o Secretário-geral do Partido, que aproveitou igualmente a ocasião para salientar a necessidade de se mobilizarem pelo aumento das respectivas reformas, também elas «comidas» pela vaga especulativa nos preços dos bens e serviços essenciais.

O segundo aspecto sublinhado pelo dirigente comunista prendeu-se com a urgência de continuar a exigir o acesso à reforma antecipada, direito conquistado mas cuja efectivação tem sido travada.

 

Prepotente maioria

Este elemento foi particularmente focado na conversa que Paulo Raimundo manteve com trabalhadores da Empresa Transformadora de Mármores do Alentejo, já ao final da tarde. Em causa está o facto de, nos últimos dois anos, dezenas de operários terem visto travados os pedidos de reforma antecipada. Os pretextos invocados são os mais variados, relataram os trabalhadores. Contudo, todos contrários ao que consta na legislação, destacou Paulo Raimundo.

Em declarações à comunicação social, o Secretário-geral comunista salientou, por outro lado, não haver «nenhuma razão para que a estes trabalhadores seja negado um direito que se encontra consagrado», sendo ainda de notar a «coincidência» entre os entraves à reforma antecipada e a maioria absoluta alcançada pelo PS.

 

Soluções? Perguntem ao PCP

Em Bencatel, o líder do PCP visitou também uma fábrica de transformação de mármores e a respectiva pedreira. Ao longo de cerca de duas horas, ficou a par do processo produtivo e constatou a penosidade e risco do trabalho. Por isso insistiu no aumento dos salários, emergência nacional, não apenas face à situação económica e social, mas para atrair e fixar mão-de-obra no sector.

Paulo Raimundo reclamou, igualmente, investimento para «aproveitar todo este triângulo pela Vila Viçosa, Estremoz, Borba» e potenciar «a capacidade produtiva com matéria-prima de alta qualidade». Especialmente no que diz respeito ao transporte de mercadorias, realçou, mas não menos importante na criação de condições para que a capacidade instalada se multiplique e continue a evoluir tecnologicamente.

De resto, ao encontro de propostas que o PCP há muito vem defendendo para o desenvolvimento da região, lembrou, a concluir, o Secretário-geral do PCP. Desde a ligação férrea ao Porto de Sines e a vizinha Espanha, à criação de um pólo universitário de investigação e formação, passando pelo incentivo ao ressurgimento de unidades de produção e reparação de máquinas e ferramentas, fundamentais mas que têm de ser importadas, acrescendo os custos de produção num sector exportador.

 

Trabalhadores da hotelaria podem contar com o PCP

Paulo Raimundo também participou, sexta-feira, 17, num encontro com trabalhadores da hotelaria, em Albufeira. A delegação comunista, integrada por João Oliveira, membro da Comissão Política, e Celso Costa, do Comité Central e responsaǘel pela Organzação Regional do Algarve do PCP, foi recebida, ao fim da tarde, pelos trabalhadores à porta das instalações do INATEL – Albufeira Praia Hotel. Seguiu-se uma conversa franca onde sobressaíram os baixos salários praticados, a estagnação e falta de progressão nas carreiras, a desregulação dos horários e a precariedade.

Preocupações sobre o aumento do custo de vida não poderiam deixar de ser levantadas. O salário – o mínimo nacional para a esmagadora maioria dos que ali trabalham – é curto para o mês, que parece ter cada vez mais dias. A questão da habitação naquela região é outro «drama».

A natureza sazonal do trabalho no sector da hotelaria também inquieta estes trabalhadores. «Há mais trabalho no Verão, mas também há potencial não aproveitado no Inverno», contaram ao Avante!.

Antes de terminar a conversa, Paulo Raimundo desejou força aos que decidiram estar presentes naquela acção e, por seu intermédio, aos restantes trabalhadores daquela unidade hoteleira, que reivindicam um aumento mínimo de 100 euros.

«Contem connosco para tudo o que for preciso. Só não podemos substituir-vos, mas estaremos aqui ao vosso lado e no plano institucional», afirmou o Secretário-geral. «Vocês façam força, que a gente empurra», acrescentou João Oliveira.

 

Potencialidades enormes

«Todos os dias assistimos a notícias do aumento da procura dos serviços de hotelaria. As reservas de Carnaval e da Páscoa estão cheias, começou por salientar Paulo Raimundo em declarações posteriores. «Tem aumentado também a carga horária e a precariedade destes trabalhadores. Só há duas coisas que não crescem: os salários e o poder de compra», lamentou. «Existe aqui uma contradição que é geral ao País e transversal a todos os sectores», disse.

«Se há sector onde não há razões para que não se aumentem os salários, é este. Os aviões não param e depois estas pessoas trabalham com horários completamente desregulados. Muitas vezes uma pessoa faz o trabalho de duas», observou, por fim, o dirigente.

 



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