Madeira e Viana reforçadas em Coimbra
Rodrigo e Helena vivem em extremos opostos do território nacional. A uni-los têm o Partido, no qual militam desde finais do ano passado, mas para o qual despertaram na mesma cidade, Coimbra, onde ambos foram estudantes. Em tempos diferentes, é certo, mas para um e outro a cidade foi, mais do que um local de formação académica, aquele onde tomaram contacto e integraram as primeiras acções políticas. Experimentar protestos e iniciativas reivindicativas é, em muitos casos, uma escola primordial de aquisição de consciência e é sempre essencial na sua consolidação e desenvolvimento.
Rodrigo, 23 anos, estuda na Universidade da Madeira. Na adolescência, começou a ler os clássicos do marxismo – Marx, Engels, Lénin, assim como as obras de grandes revolucionários e sobre processos de emancipação social e nacional do século XX. No arquipélago, pouco contacto teve com membros do PCP ou com lutas locais. Algo que mudou quando esteve a estudar em Coimbra. Ali, conheceu membros da JCP e do PCP. Com eles, entre outros, veio a Lisboa fazer ouvir a voz dos estudantes, frente à Assembleia da República, por uma escola pública, democrática e de qualidade. Com aqueles companheiros de jornada, começou a discutir ideias e o ideal acerca do qual já andava a ler.
Rodrigo regressou à Madeira e aparentemente algo terá começado a faltar: a política vivida. Decidiu, então, contactar o PCP por via electrónica. Manifestou interesse em pertencer ao Partido, que já vinha acompanhando com interesse. Recebeu resposta de volta. Um camarada marcou uma reunião no Centro de Trabalho do Funchal, que Rodrigo bem sabia onde ficava, mas ao qual nunca se tinha dirigido. A conversa foi boa, natural, e assim se tornou militante, estando, agora, empenhado em contribuir para a organização local, particularmente na freguesia de Santo António.
Helena, 31 anos, trabalhadora numa loja de uma grande cadeia de material de construção e decoração, também passou por Coimbra. Durante os estudos participou igualmente em manifestações a exigir mais e melhor Acção Social Escolar, contra a passagem da Universidade ao regime fundacional. Concluídos o curso de Línguas, Literatura e Cultura e o mestrado nesta última área, trabalhou no ensino. Quando não foi colocada para dar aulas, teve que se agarrar ao que apareceu. Primeiro, no comércio e serviços especializado, donde foi afastada aquando da epidemia.
Helena conservou sempre a rebeldia, que foi amadurecendo. Em Viana do Castelo, sabia quem eram alguns camaradas, mas sempre achou que, por serem na sua maioria mais velhos, não a acolhessem como igual.
«Pensava que não tinham lugar para mim ou que não queriam saber da minha opinião. Não podia estar mais errada. Era um preconceito. Todos me receberam muito bem, todos respeitam a minha perspectiva e integram-na», relatou em conversa com o Avante!. «Já tinha percebido que era um pouco assim quando me convidaram para uma lista nas autárquicas, mesmo não sendo militante. Desde que sou membro do PCP, confirmo que é mesmo assim», prosseguiu.
Helena já participou na Conferência Nacional e em várias reuniões. Tal como Rodrigo, tem caminho aberto para contribuir. «Chegou a hora de arregaçar as mangas», pois «há muito para fazer», disseram, na despedida, um e outro. Assim se vê...