Mobilização e luta para assegurar o desenvolvimento do distrito de Leiria
O distrito de Leiria tem enormes potencialidades de desenvolvimento e gente determinada a lutar pelo seu cabal aproveitamento, destacou-se na 11.ª Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP, realizada no sábado, 11, na Marinha Grande.
A assembleia aprovou uma concepção de desenvolvimento integrado para o distrito
Realizada no salão do Sport Império Marinhense, histórica colectividade que este ano assinala o seu centenário, a assembleia dos comunistas do distrito de Leiria partiu da avaliação da situação económica e social do distrito para definir as suas prioridades de intervenção. Pela tribuna passaram os problemas dos agricultores do Oeste, dos pescadores da Nazaré e Peniche; dos operários da Marinha Grande, Alcobaça e Caldas da Rainha (há, no distrito, mais de 50 mil operários); das mulheres, dos reformados, dos jovens, dos pequenos comerciantes, dos utentes da Saúde de todo o distrito.
Ali falou-se também da falta de médicos de família e de como os grupos privados vão ocupando o espaço deixado vago pelo desinvestimento no SNS, dos preços proibitivos dos factores da produção na agricultura (combustíveis, rações, etc.), do abandono dos profissionais, criadores e estruturas da Cultura, da degradação da escola pública; do défice demográfico, dos sucessivos adiamentos da modernização da Linha do Oeste, dos atentados ambientais que se verificam em vários locais do distrito, da Lagoa de Óbidos ao Pinhal de Leiria.
Avaliadas foram também as potencialidades de desenvolvimento existentes, que para os comunistas são também – e sobretudo – possibilidades de intervenção e luta. A resolução política, aprovada pelos mais de cem delegados presentes, inclui um capítulo intitulado «Uma concepção de desenvolvimento integrado – uma política patriótica e de esquerda para o distrito de Leiria», precisamente sobre esta questão.
Tomar a iniciativa
Sustentada nas conclusões do XXI Congresso do PCP e da mais recente Conferência Nacional, a assembleia apontou as principais áreas em que se impõe «tomar a iniciativa». Trata-se, no fundo, de identificar problemas, propor soluções, mobilizar disponibilidades, organizar o protesto. Reforçando a estrutura partidária e os movimentos unitários de massas.
O tom foi marcado, logo na abertura, por Luís Caixeiro, membro do Comité Central e responsável pela Organização Regional de Leiria do PCP: «Tomar a iniciativa política e na acção de massas, envolvendo os trabalhadores e as populações, pelo aumento geral dos salários e das reformas e pensões, pela defesa dos direitos dos trabalhadores, pelo direito a envelhecer com qualidade de vida, pela promoção dos direitos das crianças, dos pais e da juventude, pela defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, pelo direito à habitação, à mobilidade e aos transportes, pelo direito à cultura, pela paz e solidariedade entre os povos e pela defesa do regime democrático, da Constituição da República e dos valores de Abril.»
Da adaptação destas orientações à realidade de cada empresa ou localidade falaram vários oradores, com exemplos concretos de intervenção e de luta: da já travada (e foi muita, nos últimos anos) à identificação daquela que há para organizar e dinamizar. Destaque mereceu a luta dos professores, que no distrito de Leiria estiveram em greve a 30 de Janeiro, com uma adesão superior a 95%, e realizaram concentrações e desfiles em Peniche, Caldas da Rainha e Leiria. No próprio dia da assembleia, aliás, vários militantes comunistas que são professores participaram na grande manifestação em Lisboa (ver página 19). Também o Secretário-geral do Partido, Paulo Raimundo, esteve de manhã na Marinha Grande, rumou a Lisboa para saudar os professores e educadores em luta e regressou, depois, para a sessão de encerramento.
Prioridades, lutas e vitórias
A organização do Partido e as perspectivas abertas para o seu reforço foram questões abordadas, e plasmadas na resolução política. Com mais de 1100 militantes, a Organização Regional de Leiria do PCP tem actividade em todos os concelhos, embora com diferentes níveis de regularidade.
A estruturação da organização, desde logo nas empresas, o recrutamento, a difusão do Avante! e a independência financeira do Partido são prioridades para os próximos anos. Responsabilidade acrescida no cumprimento destas e de outras decisões recai sobre a nova Direcção da Organização Regional, eleita por unanimidade e composta agora por 42 elementos.
Salientada na assembleia como resultado da profunda ligação do Partido às lutas das populações foi a vitória da CDU nas freguesias de Valado de Frades (Nazaré) e Moita (Marinha Grande), a manutenção da maioria em Serra d’El Rei (Peniche) e a eleição, pela primeira vez, de um vereador na Nazaré.
Aproveitar potencialidades
sem lamúrias e falsas promessas
A encerrar a 11.ª Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP, Paulo Raimundo criticou os «discursos bonitos» e as «lamúrias» sobre o défice demográfico, o empobrecimento, as desigualdades, a precariedade. O que é preciso, realçou, é garantir os direitos aos trabalhadores, aos reformados, aos jovens, às crianças e aos pais. E isso faz-se com políticas concretas – em tudo opostas às que têm sido seguidas por este e pelos anteriores governos e defendidas por PSD, Chega e IL.
Reafirmando a necessidade de «combater a exploração, a especulação, a concentração de riqueza», o Secretário-geral comunista apelou a que se feche a torneira «dos dinheiros públicos que vão parar aos grandes grupos económicos» – da saúde, da energia, da grande distribuição, das auto-estradas. «Se o dinheiro é público – frisou –, públicas devem ser as funções e os serviços que presta e financia.»
Já sobre os incêndios, e as «mil promessas feitas» sobre a política florestal na região, «a monocultura do eucalipto continua a alastrar» e a mata nacional «abandonada à sua sorte». Passados quase seis anos dos incêndios de 2017, «a situação é ainda pior e aqueles concelhos continuam a perder população e a ver desaparecer actividade económica. Nada, rigorosamente nada foi feito».
A assembleia assumiu, num capítulo próprio da resolução política aprovada, um «modelo de desenvolvimento integrado» para o distrito de Leiria, que «deve subordinar o desenvolvimento económico ao progresso social e à melhoria das condições de vida dos trabalhadores e das populações».