Professores preparam para sábado extraordinária manifestação
«Vamos ter uma extraordinária manifestação e vamos apresentar extraordinárias formas de luta», adiantou o Secretário-geral da Fenprof, na reacção à falta de propostas concretas do Governo.
Só a luta poderá levar o Governo a negociar medidas concretas
A manifestação nacional para «defender a profissão de professor» vai ter lugar no sábado, dia 11, em Lisboa, com início às 15 horas, no Marquês de Pombal, e faz parte do calendário definido por oito estruturas sindicais (ASPL, Fenprof, Pró-Ordem, Sepleu, Sinape, Sindep, SIPE e Spliu), a que se juntou a FNE.
«As nove organizações sindicais que estão em convergência na luta dos professores prometem não baixar os braços e manter as exigências a que o Ministério da Educação insiste em não dar resposta» no dia 2, assegurou a Fenprof, numa primeira nota sobre uma conferência de imprensa conjunta, dada no dia seguinte.
A manifestação nacional de 11 de Fevereiro «será organizada por distritos (respeitando a ordem das greves distritais) e por escola, juntando todos os professores, independentemente da sua filiação sindical», desta forma «reconhecendo a importância que está a ter a luta em cada escola».
A reunião convocada pelo Ministério da Educação para dia 2, quinta-feira, com todas as 12 estruturas sindicais de docentes, não suscitou grandes expectativas, o que se reflectiu também na forte mobilização para junto do edifício do ME, sobretudo de professores e educadores do distrito de Setúbal, onde nesse dia decorria a greve de incidência distrital.
A posição das nove organizações em convergência foi debatida nas horas seguintes e apresentada aos jornalistas na sexta-feira, na Escola Secundária Camões. Pela voz de Mário Nogueira, foi reafirmada a necessidade de um acordo global, recusando a ideia de dez acordos parcelares, avançada pelo ME, e criticando o facto de este não ter apresentado nenhum documento escrito.
«Aquilo que consta do preâmbulo do acordo global e das 10 propostas de acordo é que importa reflectir ou iniciar um processo de discussão com potencial de acordo», mas «o que importa não é reflectir, o que importa é haver propostas e medidas para resolver estes problemas», sintetizou, citado pela agência Lusa, o Secretário-geral da Fenprof.
Em reacção àquela «reunião estranha», foi decidido prosseguir a luta, tanto com as greves distritais, como na manifestação nacional, que representará uma «homenagem a todos os professores e todas as escolas» e à «adesão extraordinária» nas greves iniciadas em Lisboa, a 16 de Janeiro, e que terminaram ontem, dia 8, no Porto (com adesão praticamente total e uma grande concentração na Avenida dos Aliados), abarcando todos os 18 distritos do Continente (sempre com níveis de adesão muito elevados e muito participadas concentrações nas capitais de distrito, entre outras acções de rua).
Mário Nogueira deu conta de que há, para dia 11, «grande mobilização e entusiasmo nas escolas», comentando que «vamos ter uma extraordinária manifestação», onde «vamos apresentar extraordinárias formas de luta».
O que falta para um acordo
No final da reunião de dia 2, com as organizações sindicais, o ME mostrou-se «apressado em assinar acordo(s)» e entregou textos para um acordo global, com dez pontos, ou dez acordos parcelares (um por cada ponto).
A Fenprof, num comunicado do seu Secretariado Nacional, declarou na segunda-feira que
«não assinará qualquer destes acordos, nem o global, nem algum dos parcelares», pois «não assina acordos sem conhecer os projectos que visam dar corpo aos assuntos em negociação». Ora, esses projectos «deveriam, em limite e já tardiamente, ter sido apresentados na própria reunião»
Para um acordo que «terá de ser global», será necessário «concordar com a globalidade das propostas do ME».
Nos textos agora entregues, há vários conteúdos que «inviabilizam qualquer acordo sobre os concursos». A federação refere, entre outros: «ultrapassagens na vinculação, que decorrem da ausência de concursos de vinculação extraordinários ou de outros que respeitem a graduação»; «conselhos locais de directores para distribuírem serviço dentro dos novos QZP» (quadros de zona pedagógica), tratados como hiper-agrupamentos.
Por outro lado, «é indispensável» contemplar outras soluções, como «a contagem integral do tempo de serviço, o fim das vagas e quotas, a regularização dos horários de trabalho, a alteração das regras de aposentação, a revisão do regime de mobilidade por doença, a contratação como docentes dos técnicos especializados que exercem funções docentes».