Resultados da luta comprovam possibilidades de melhorar
Aumentos salariais superiores a cem euros, mantendo ou mesmo melhorando direitos e afirmando a contratação colectiva, estão a comprovar que é possível alcançar as justas reivindicações colocadas.
Aumentos salariais acima de cem euros são justos e possíveis
Na segunda-feira, dia 6, a Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro revelou que os trabalhadores da Gallovidro (Grupo Vidrala), na Marinha Grande, «conquistaram aumentos na tabela salarial que variam entre os 110 e os 112 euros por mês».
A este valor, referiu ainda a Feviccom/CGTP-IN, acresce a «actualização do subsídio de refeição e dos restantes subsídios pecuniários» e «também foram actualizados os direitos de maternidade e de paternidade no Acordo de Empresa».
Para a federação, que integra o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, «este é o resultado da intervenção sindical, suportada pela unidade e determinação dos trabalhadores em torno do seu sindicato (STIV), pela melhoria das suas condições de vida e de trabalho».
Por outro lado, este caso constitui «mais uma prova de que é possível melhorar o poder de compra dos salários daqueles que são os responsáveis pelo aumento da produção e a criação de riqueza das empresas e do País».
A Feviccom assinalou que esta foi a terceira firma, no sector do vidro de embalagem, com quem negociou e acordou a revisão dos acordos de empresa prevendo aumentos superiores a 100 euros nas tabelas salariais para 2023.
Em Janeiro, foram acordados aumentos de 106,50 euros na Santos Barosa (Marinha Grande). Em Novembro, o acordo na Verallia (Figueira da Foz) subiu 140,00 euros os salários de todos os trabalhadores.
Seguros
«A revisão da tabela salarial para 2023 no Grupo Zurich acompanha as reivindicações do Sinapsa para o sector segurador», assinalou o Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins, precisando que «todos os trabalhadores garantem um aumento mensal superior a cem euros», com uma actualização média de 10,5 por cento (mais elevada nos escalões salariais mais baixos).
Numa nota de 26 de Janeiro, o Sinapsa explicou que, após as negociações de 2022, devido ao grande aumento da inflação e «tendo em conta o disposto no Acordo Colectivo de Trabalho», o processo negocial foi reaberto, de modo a «ajustar os valores mínimos da tabela salarial para 2023, com base no índice oficial de preços no consumidor (IPC)».
No Grupo Fidelidade, foi acordada a actualização dos salários-base, em 2023, de acordo com o IPC, com ligeiro acréscimo em cinco grupos salariais (num total de sete). A 13 de Janeiro, o sindicato assinalou que, assim, não há perda de poder de compra.
Um resultado semelhante foi obtido na Generali, com mais quatro por cento na revisão salarial, assegurando um aumento mínimo de 50 euros, a que se soma um apoio extraordinário de 1300 euros (400 destes para reembolso de despesas de transporte), o que representa mais 9,82 por cento na massa salarial. O sindicato apelou a que os trabalhadores se unam e mobilizem, para assegurar que o apoio extraordinário conte para a revisão salarial de 2024.
Sector social
Nas negociações da revisão salarial para 2023, que estão a decorrer, a confederação das instituições particulares de solidariedade social (CNIS) assumiu que respeitará a vigência dos novos valores com efeitos retroactivos a Janeiro.
Ao divulgar este compromisso patronal, o CESP/CGTP-IN salientou que, a par do aumento geral dos salários, muito baixos neste sector, esta era uma importante reivindicação. «A CNIS atrasava as negociações, alegava que os protocolos com o Estado eram pagos com atraso, mas nós sabíamos que eram pagos com retroactivos a Janeiro, e os aumentos salariais só vigoravam a partir de Julho», explicou Filipa Costa ao Avante! anteontem.
RadiTáxis
Foi anulado o despedimento de um trabalhador da RadiTáxis – Cooperativa dos Rádio-Táxis do Porto, que fora assim sancionado após uma greve de dois dias, em Maio de 2022, com total adesão e que permitiu melhorar as condições de trabalho. «Desta vez, a justiça esteve do lado certo», congratulou-se o Sinttav/CGTP-IN, numa informação divulgada na semana passada.