Tempos de resistência e (muita) luta

Cristina Cardoso

Os povos não estão fadados às inevitabilidades

Na mesma medida em que o grande capital acumula lucros astronómicos – veja-se o exemplo dos lucros recorde das empresas de energia na Europa ou dos maiores bancos europeus, anunciado pelo Financial Times a 26.10 – agravam-se as desigualdades, a negação de direitos, o ataque aos direitos laborais e sindicais, às liberdades democráticas, à soberania dos povos e recorre-se à promoção do pensamento único, do ódio, do fascismo e da guerra, como fuga para a sobrevivência de um sistema decadente e que procura garantir a hegemonia do imperialismo.

Num cenário que é negro para milhões de homens, mulheres e crianças em todo mundo, confirma-se que face à ofensiva exploradora e opressora do imperialismo, a resistência dos trabalhadores por todo mundo prossegue.

Nos últimos meses têm-se multiplicado as acções de luta por vários países de Europa, no berço do capitalismo, onde as classes dominantes insistem na falsa ideia de que a história acabou.

Os povos europeus enfrentam uma subida da taxa de inflação confrontando-se com a brutal desvalorização dos seus salários e degradação das condições de vida. Em Setembro, os dados da Eurostat apontavam que, relativamente a 2021, 1 em cada 5 residentes na União Europeia vivia em risco de pobreza, privação material ou social e falta de trabalho, 95,4 milhões de pessoas, 21,7% da população. Realidade que atingirá, em 2022, proporções mais graves.

Em França, várias têm sido as mobilizações e lutas de sectores pelo aumento dos salários e das pensões contra o aumento do custo de vida. Na Bélgica, o país parou no passado dia 9 de Novembro com a greve geral exigindo aumentos salariais e o congelamento dos preços. O mesmo aconteceu na Grécia exigindo o aumento geral dos salários e medidas mais ousadas para combater a inflacção. Em Espanha, mais de 700 mil madrilenos saíram à rua em defesa da saúde pública, no passado dia 13. Também as lutas pelo aumento dos salários tem tido grande expressão, em várias acções gerais e concretas convocadas pelo movimento sindical. Na Alemanha, no passado dia 12, reivindicou-se o controlo dos preços dos alimentos, mais impostos para os ricos e subida de salários. Na Roménia, realizou-se uma marcha contra a pobreza que desfilou nas ruas Bucareste denunciando os altos custos da energia, da alimentação e outros bens essenciais. Na Bulgária, assistiu-se a grandes mobilizações no passado dia 11, exigindo o aumento dos salários em linha com a inflação. Na Hungria, o povo mobiliza-se contra o governo de Orban, pelo aumento dos salários, melhores condições para a os professores e pelo direito à greve.

Grande manifestação realizada em Praga no passado dia 28 de Outubro contra o governo, o aumento do custo de vida, exigindo o fim das sanções e negociações com a Rússia para abastecimento de gás. Grande manifestação em Roma, contra o envio de armamento para Ucrânia, contra a NATO e a guerra, que se realizou no passado dia 5.

E os exemplos de lutas continuam como no Reino Unido, na Albânia, na Áustria, para além das grandes manifestações realizadas em Portugal no passado dia 15 de Outubro e outras lutas em desenvolvimento.

Os povos não estão fadados às inevitabilidades que lhes querem impor. Cabe aos comunistas estar na primeira linha na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos povos, abrindo a perspectiva para transformações progressistas, pela transformação revolucionária da sociedade.




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