Desenvolver a convergência com democratas e patriotas

Margarida Botelho (Membro do Secretariado do Comité Central)

Um país com melhores salários e carreiras valorizadas, em que o desenvolvimento integral das crianças é uma preocupação central, que encoraja os sonhos da juventude e em que se envelhece com dignidade. Um país com serviços públicos que garantem direitos a todos e em que a cultura é factor de realização e emancipação. Um país que potencia e protege os seus recursos e produz para responder às necessidades, que se organiza para garantir o direito à habitação e aposta nos transportes públicos. Um país que defende os valores de Abril, o regime democrático, os valores progressistas, a paz e o desarmamento, a solidariedade, a justiça social e a liberdade.

Não são só os comunistas que projectam um país assim, são milhões de portugueses. Gente preocupada com a vida e com o futuro, democratas e patriotas, que convergem com as nossas preocupações e diagnósticos quanto à situação que vivemos e que não se conforma que Portugal esteja condenado às injustiças e à dependência.

O contributo do PCP é imprescindível a um Portugal com futuro. Mas esse futuro constrói-se com a participação e o envolvimento dos trabalhadores, das classes e camadas antimonopolistas e de todos os que vivem os problemas, se indignam com eles e vêem as soluções possíveis negadas pelos interesses do grande capital.

Estímulo e confiança

O nosso papel é, sim, tomar a iniciativa. Dar o estímulo e a confiança de que tantos precisam para dar o primeiro passo para começar a protestar, a unir, a resolver, a encontrar caminhos. Proporcionar os contactos, as conversas, os espaços de convergência que façam das injustiças força para lutar.

É um trabalho que exige um apelo político mas também uma grande acção prática dos militantes e das organizações do Partido, na identificação dos problemas e dos que os sentem, no estímulo a que tomem nas suas mãos as soluções necessárias, no envolvimento daqueles que se destacam na vida colectiva. Um trabalho de formiga, de esclarecimento e construção, que é simultaneamente um trabalho de massas, audaz e confiante.

Um contacto que permite ao Partido conhecer e aprender muito sobre as mais diversas realidades, enriquecer a análise, a proposta e a acção em diversas áreas da nossa intervenção.

À volta de cada um de nós, em torno de cada organização do Partido, estão milhares de pessoas a precisar do contacto e do incentivo para se envolverem e serem protagonistas da acção por um país livre.

Desenvolver a ligação e o trabalho com outros democratas e patriotas não é uma linha mais na lista das tarefas. É um trabalho integrado, que se desenvolve para tomar a iniciativa pelo aumento dos salários, pelos direitos das crianças e dos pais, dos idosos, da juventude, em defesa dos serviços públicos, da cultura, da produção nacional, do ambiente, de questões locais ou do regime democrático. Uma ligação indispensável para intensificar a luta, fortalecer os movimentos de massas, alargar o número e a combatividade dos lutam por um Portugal com futuro.

Envolver outros na acção necessária ao país não é nada de estranho nem de novo na acção do Partido. É um estilo de trabalho de sempre, intrínseco ao nosso projecto, indispensável à sua concretização, a que precisamos de dar mais atenção. Nada impede, antes pelo contrário, que cada célula tenha uma lista dos colegas com quem se conversa sobre a situação da empresa, da localidade, do país, do mundo. Que ouvem e com quem aprendem, mas a quem fazem pensar duas vezes e esclarecem. Que convidam para a Festa do Avante! ou outras iniciativas do Partido, a quem enviam a proposta do Partido sobre este ou aquele tema, a quem propõem que apoie as candidaturas da CDU. A quem envolvem para garantir o carácter unitário das estruturas representativas dos trabalhadores.

A CDU, onde o PCP, com o Partido Ecologista «Os Verdes» e a Associação Intervenção Democrática – cujas delegações aqui presentes saudamos – convergem com milhares de pessoas sem filiação partidária, é espaço privilegiado de envolvimento e intervenção com outros democratas e patriotas, com quem importa manter contacto e estimular a participação.

Elevar a força organizada

Responder aos problemas do País e às novas exigências com que estamos confrontados implica envolver na luta e na construção das respostas quem vive os problemas, quem reflecte sobre eles, quem identifica nos valores de Abril os elementos essenciais da sociedade a que aspiramos.

Elevar a força organizada dos que lutam é essencial para alterar a relação de forças existente na sociedade.



Mais artigos de: Em Destaque

Uma força de luta com raízes na vida

A Conferência Nacional do PCP, realizada este fim-de-semana em Corroios, no concelho do Seixal, constituiu uma vibrante manifestação de coesão e vitalidade de um colectivo que se quer cada vez mais ligado à vida. «Tomar a iniciativa, reforçar o Partido, responder às novas exigências» é, mais do que um lema, um plano da acção.

Abrir caminhos, dar esperança e confiança na luta por uma vida melhor

Estamos a meio dos trabalhos da Conferência Nacional.

No seguimento da fase preparatória e partindo das conclusões do XXI Congresso, reafirmando a nossa identidade comunista, a natureza de classe, objectivos e princípios, envolvemos o Partido, aprofundámos a reflexão, construímos soluções, ao mesmo tempo que incentivámos e mobilizámos para a luta, uma luta que aqui esteve presente e que saudamos.

Com a aprovação da resolução, vamos continuar o nosso trabalho sobre todas e cada uma das linhas de intervenção agora decididas, tomar a iniciativa, responder às novas exigências e reforçar o Partido que queremos ainda mais ligado à vida e aí ir buscar mais força.

As decisões que estamos a tomar, reforçando o Partido, são uma necessidade dos trabalhadores, das populações, da juventude, dos democratas e patriotas.

Um Partido mais forte e com maior influência é o garante dos direitos e dos anseios dos trabalhadores e do povo, e de todos que se empenham pela defesa e aprofundamento da democracia.

Temos uma enorme responsabilidade mas estamos à altura dessa responsabilidade.

E, se dúvidas houvesse, é pôr os olhos na Conferência.

Números da Conferência

Na Conferência Nacional estiveram presentes 903 delegados, informou Sofia Grilo, em nome da Comissão de Verificação de Mandatos. Destes, 720 foram eleitos nas 390 assembleias plenárias expressamente convocadas para esse efeito e 198 eram delegados por inerência: 128 membros do Comité Central, nove da Comissão Central de...

Sobre a reunião do Comité Central realizada na noite de 12 de Novembro

A Conferência Nacional, pelos seus conteúdos e objectivos dá-nos confiança, determinação e força. Pelo que aqui nos foi transmitido pela voz dos delegados sobre os problemas que os trabalhadores e o povo enfrentam, as suas aspirações e reivindicações. A resistência e as lutas de carácter...

O 50.º aniversário da Revolução de Abril

(…) Afirmar os direitos e valores de Abril é de extraordinária importância para contrariar as tentativas de apagamento da sua natureza, do seu alcance e características ímpares, para derrotar aqueles que procuram reescrever ou apagar o significado de Abril. A afirmação de cada um desses...

Resolução é instrumento de acção, mobilização e luta

Aprovada com uma abstenção ao final da manhã de domingo, a Resolução da Conferência Nacional inclui as linhas prioritárias de acção do Partido, a ser dinamizada de forma integrada e em múltiplas direcções. No que concerne ao objectivo de responder aos problemas mais urgentes, a conferência apontou a necessidade de...

O trabalho da Comissão de Redacção da Resolução

(…) Foram realizadas centenas de reuniões e assembleias. À comissão de redacção chegaram centenas de propostas, umas de natureza concreta, outras de carácter geral, às quais se somam as actas das assembleias electivas e de reuniões de diversos organismos. Todo este material, permitiu conhecer...

Afirmação do Partido é tarefa de todos os dias

Neste tempo exigente e desafiante, aqui estamos centrados na realidade, a superar obstáculos, determinados na acção, a perspectivar o futuro. Somos o Partido Comunista Português, com a sua identidade própria, a identidade comunista, de partido da classe operária e de todos os trabalhadores, o...

Evolução da situação internacional - Perigos e potencialidades

A evolução da situação internacional comprova o acerto de aspectos essenciais apontados no XXI Congresso do nosso Partido, realizado em 2020. Sublinhávamos então que o impacto da pandemia acentuava as tendências que caracterizavam a situação internacional, expondo com uma ainda maior...