O 50.º aniversário da Revolução de Abril

Ricardo Costa (Membro da Comissão Política do Comité Central)

(…) Afirmar os direitos e valores de Abril é de extraordinária importância para contrariar as tentativas de apagamento da sua natureza, do seu alcance e características ímpares, para derrotar aqueles que procuram reescrever ou apagar o significado de Abril.

A afirmação de cada um desses elementos é essencial para combater a política de direita, para travar mais e maiores retrocessos que esta procura impor, num acerto de contas com Abril e as suas conquistas, retrocessos com significativo impacto na vida dos trabalhadores e do Povo.

Comemorar Abril é lembrar a luta antifascista, a luta de homens, mulheres e jovens de uma abnegada dedicação à luta pela democracia e a liberdade, de uma intensa luta de massas da classe operária, da juventude e do povo, luta onde os comunistas portugueses, tiveram papel de destaque mas onde souberam sempre construir a unidade com muitos outros democratas. A luta antifascista foi simultaneamente a luta pela liberdade, a luta pelo pão, pelo trabalho e pela paz e por muitas outras necessidades e reivindicações dos trabalhadores e do povo.

Perante novas tentativas de branqueamento do fascismo, de surgimento e afirmação de projectos reaccionários e fascizantes, é preciso não deixar esquecer o que significou o fascismo, a negação das liberdades políticas e individuais, as perseguições, prisões, torturas e assassinatos de opositores políticos, o analfabetismo, a fome e a miséria, a falta de cuidados de saúde, o colonialismo, o racismo, a guerra, a discriminação legal das mulheres, a corrupção por via da fusão do poder político com o poder económico, fusão que permitiu o saque dos recursos nacionais a favor dos monopólios e latifundiários, permitindo a acumulação de fortunas a um punhado de ricos e poderosos, ao mesmo tempo que era generalizada a pobreza e a miséria entre o povo.

(…) Com o aproximar dos 50 anos da Revolução de Abril, importa ter presente tudo quanto falta cumprir, é preciso tomar a iniciativa na rua, na escola, no local de trabalho, no bairro, na colectividade em todo o lado onde o povo se organiza, e, em cada um destes sítios tem que estar um comunista a intervir e agitar na defesa dos valores de Abril. Tal como, na festa do Avante! onde estaremos, nesse espaço de enorme solidariedade e camaradagem, a fazer a festa de Abril.

Celebrar a olhar para o futuro

Portugal é um país dominado pelos interesses dos grupos económicos. Tem vindo a acentuar-se a submissão e dependência nacional face aos ditames da União Europeia, o capitalismo e as suas características marcam o curso de declínio na vida nacional, contando para isso com o apoio e a acção dos sucessivos governos PS, PSD e CDS, a que se somam a Iniciativa Liberal e o Chega. Esta ofensiva agrava-se com a já anunciada revisão constitucional promovida por PS e PSD.

Para que se cumpra Abril, é necessária uma política alternativa que vinculada aos seus valores, tenha como principais objectivos, a valorização dos salários, das reformas e pensões, a valorização das carreiras e profissões e a defesa dos direitos de quem trabalha, a promoção e valorização da produção nacional e a recuperação para o controlo público dos sectores e empresas estratégicas; que assuma a defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, com uma política que efectivamente distribua a riqueza produzida entre quem trabalha, não permitindo a exploração, uma política que defenda a soberania nacional e rejeite a submissão aos interesses do grande capital e da UE. Uma política que assente nos valores da Constituição reclama um futuro de progresso para Portugal.

(…) É por isso que o devemos celebrar a olhar para o futuro, destacando as conquistas e os valores que consagrou, convocando todos para a luta pela construção de um Portugal desenvolvido, de progresso, de paz e soberano.




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