O trabalho da Comissão de Redacção da Resolução
(…) Foram realizadas centenas de reuniões e assembleias. À comissão de redacção chegaram centenas de propostas, umas de natureza concreta, outras de carácter geral, às quais se somam as actas das assembleias electivas e de reuniões de diversos organismos. Todo este material, permitiu conhecer opiniões, preocupações e propostas de muitos camaradas e é um contributo precioso para o trabalho geral. A Conferência, assumida como tarefa de todo o Partido, resulta de toda essa contribuição e abre perspectivas para responder às exigências que temos pela frente. A novas exigências.
Não será contudo demais relembrar, quando alguns por aí se escandalizam com a vida interna do PCP, o seguinte: o trabalho colectivo decorre da própria natureza do PCP que vê na iniciativa dos militantes uma fonte de energia, de força e unidade, e que tem como método de trabalho a incorporação dos seus contributos na elaboração e concretização das suas orientações. Somos um Partido que em matéria de democracia interna tem um património ímpar pelo valor do trabalho colectivo, que estimula o debate, a opinião e a participação e que recusa concepções assentes na fulanização, na superficialidade da análise, nos limites do pensamento único para onde nos gostariam de arrastar. O debate realizado na preparação desta nossa conferência não só confirma esta opção presente, como é, simultaneamente, garantia do Partido que somos e queremos continuar a ser.
No debate realizado ao longo destes meses resultaram alterações à proposta de resolução política que foi distribuída aos delegados. Desenvolveram-se novos temas, limparam-se repetições, introduziram-se e corrigiram-se ideias, propostas e conceitos, como algumas que agora referirei:
Destacou-se o quadro de instabilidade e incerteza que marca a situação internacional; retirou-se a referência a dados da polarização da riqueza, tendo em conta observações quanto à fonte e evolução dos mesmos; destacou-se o quão perigosa é a escalada de confrontação em curso; o carácter inaudito da posição da UE face aos interesses do imperialismo americano; situou-se a China como alvo principal do imperialismo; acrescentou-se o papel da promoção da irracionalidade no condicionamento ideológico; inseriu-se um novo parágrafo sobre a evolução da situação económica e social; precisaram-se aspectos sobre as dificuldades, insuficiências, atrasos e deficiências que se colocam na organização e intervenção do Partido; acrescentaram-se dois novos pontos sobre os direitos da juventude e a Paz; precisaram-se aspectos relacionados com a defesa da cultura; inscreveu-se a responsabilização do capitalismo na degradação ambiental; sinalizou-se o papel da JCP no recrutamento para o Partido; ilustraram-se alterações nos processos produtivos e organização do trabalho e a sua relação com a intervenção do Partido junto dos trabalhadores; introduziu-se referência à actividade editorial; destacou-se o combate a todas as discriminações, nomeadamente em função da orientação sexual; evidenciou-se de forma mais clara os seis aspectos das características essenciais de um Partido comunista.
Não foram no entanto consideradas propostas que colidiam com teses centrais assumidas no XXI Congresso ou no Programa do Partido (…).»