Forças democráticas do Brasil exigem respeito pela Constituição
A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, pediu, na terça-feira, 8, uma resposta firme das instituições do Brasil perante os protestos de partidários de Jair Bolsonaro que não aceitam os resultados das eleições de 30 de Outubro.
Simpatizantes do ex-capitão, derrotado nas urnas pelo agora presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, promoveram cortes de estrada por camionistas e manifestações junto de quartéis pedindo a intervenção dos militares.
«Não é normal que as pessoas estejam defronte dos quartéis a gritar. As instituições têm de encarar isso de maneira firme e não deixar que o movimento se estenda», afirmou Gleisi aos jornalistas, depois de um encontro em Brasília com o líder do Movimento Democrático Brasileiro, Baleia Rossi. A dirigente enfatizou que os que perderam as eleições têm o direito de manifestar-se, mas não o de apelar a um golpe ou a desestabilizar o país.
A dirigente do PT adiantou que está prevista uma reunião entre os partidos aliados que apoiaram Lula para discutir a situação política do país. Considerou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi firme no processo eleitoral e disse esperar que o Poder Judicial seja «muito firme» com as manifestações bolsonaristas, que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, considerou «ilícitas, antidemocráticas e criminais».
Gleisi Hoffmann faz parte da equipa de transição de governo, encabeçada pelo vice-presidente eleito Gerardo Alckmin, que está a preparar a mudança de administração, a partir de 1 de Janeiro de 2023. Também a presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos, integra a equipa de transição.
Lula da Silva, entretanto, viajou esta semana de São Paulo para Brasília, onde tem programadas uma série de reuniões com a sua equipa de transição de governo, com líderes do Congresso – incluindo os presidentes da Câmara de Deputados e do Senado – e com membros do Supremo Tribunal Federal.
PCdoB em defesa
da soberania do voto
O PCdoB repudiou «veementemente» os bloqueios a estradas e vias de grande circulação por todo o país, promovidos com «a clara intenção de questionar o resultado das eleições presidenciais e gerar um clima de violência e instabilidade social para amedrontar a sociedade».
Os comunistas brasileiros denunciaram que os bloqueios em estradas e vias que dão acesso a aeroportos e portos, além da convocação de actos com teor golpista, reivindicando a intervenção militar, «são crime eleitoral e atentam contra o Estado democrático de direito».
Numa nota intitulada «Em defesa da soberania do voto e do Estado democrático de direito», divulgada logo no dia 1 de Novembro, o PCdoB, que integra a ampla frente democrática que se constituiu no Brasil em torno da candidatura de Lula da Silva, «exige o respeito à Constituição e à vontade soberana do povo brasileiro manifestada nas urnas».