Resistentes antifascistas reuniram-se em Belgrado
A Federação Internacional de Resistentes promoveu em Belgrado, no dia 24 de Outubro, uma conferência internacional sobre «Antifascismo hoje e o perigo das políticas de direita na Europa». A URAP esteve presente.
A URAP convidou a FIR para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril
A conferência decorreu ao longo do dia, com as intervenções dos delegados a ocuparem a parte da tarde. O dia seguinte foi preenchido com uma cerimónia evocativa da libertação de Belgrado, em 1944, e uma visita à cidade. Da delegação da URAP fazia parte o coordenador, José Pedro Soares, Teresa Lopes, do Conselho Directivo, e Helena Barbosa.
Na sua intervenção, e após referir-se a importantes acontecimentos históricos, o coordenador da URAP concentrou-se na situação actual, acusando os «grandes interesses económicos» de tentarem controlar «governos, instituições, meios de comunicação social, num domínio que querem absoluto». Com a escalada de guerra na Ucrânia, que se trava desde 2014, tudo isto se agravou: a pressão é de tal ordem que raramente se ouve, na comunicação social dominante, qualquer opinião divergente, denunciou.
Os democratas e antifascistas portugueses, garantiu José Pedro Soares, «são contra a guerra e pela paz, pela negociação e resolução pacífica dos conflitos», e não ignoram as «imensas responsabilidades» que EUA, NATO e UE têm neste conflito. Condenando as sanções e o apoio ao prolongamento da guerra, em detrimento de medidas para construir a paz, destacou que os povos da Rússia e da Ucrânia estão «a ser vítimas desta estratégia agressiva, ideológica e de domínio mundial». Para José Pedro Soares, são consequências da guerra o aumento dos lucros das multinacionais e o volume das encomendas às fábricas de armas, o crescimento da inflação e dos preços dos bens de primeira necessidade.
Relativamente a Portugal, o dirigente antifascista realçou o crescimento de forças de extrema-direita, que conseguiram inclusivamente representação parlamentar e autárquica, e o reforço da acção da URAP, convidando a FIR a deslocar-se ao País, em 2024, para celebrar os 50 anos da Revolução de Abril. Entre as iniciativas previstas, destacou os desfiles populares em Lisboa e no Porto, uma sessão com representantes de diversas organizações que integram a FIR e a inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche.
Libertação de Belgrado
No dia 25, realizou-se uma cerimónia comemorativa do aniversário da libertação de Belgrado do jugo nazi-fascista, consumada em 1944. O local escolhido não poderia ser mais simbólica: o cemitério dos libertadores de Belgrado.
Entre 11 e 22 de Outubro desse ano, e após quatro anos de resistência à ocupação das forças da Alemanha e da Itália, uma concentração sem precedentes de forças do Exército de Libertação Popular da Jugoslávia e do Exército Vermelho, com o importante apoio popular, derrotou o invasor e libertou a cidade, pondo termo a 1287 dias de ocupação. Este acontecimento, para além de todo o impacto anímico junto dos resistentes antifascistas em toda a Europa, criou um vasto território libertado que se constituiu como uma retaguarda estável e fundamental para as operações militares subsequentes levadas a cabo pelas forças soviéticas na ofensiva final contra a Alemanha nazi.
Nos combates de Outubro de 1944 foram mortos 2953 soldados do Exército de Libertação da Jugoslávia e cerca de 1000 soldados soviéticos, enterrados em vários locais da cidade. Dez anos depois, em 1954, seria inaugurado o Cemitério dos Libertadores de Belgrado.
A cerimónia culminou com a deposição de flores no monumento situado no interior do cemitério, designado Chama Eterna, que representa o desejo e o compromisso dos povos em continuar a luta antifascista.