Concentração da URAP em Peniche para que a memória não se apague

Centenas de pessoas participaram, sábado, em Peniche, no VI Encontro-Convívio da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) para homenagear todos os antifascistas que o fascismo encarcerou na Fortaleza.

Espaço de formação e de afirmação democrática

A iniciativa foi promovida em colaboração com o Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) e contou com a participação de associados, activistas e democratas, vindos de diversos pontos do País, nomeadamente dos distritos de Lisboa, Setúbal, Évora, Beja, Leiria, Aveiro e Viseu. Começou com um almoço na cantina da Câmara Municipal, organizado pelo Núcleo de Peniche e prosseguiu com um desfile pela marginal de Peniche, com faixas e bandeiras da URAP e de Portugal, entoando palavras de ordem alusivas à defesa do 25 de Abril e à paz.

Chegados à Fortaleza, os participantes, a que se juntaram muitas dezenas de outros democratas, foram recebido pela Directora do MNRL, Aida Rechena, e reuniram-se junto ao memorial dos presos políticos.

Maria Villaverde Cabral, vice-presidente da Assembleia Geral da URAP, assinalou a passagem de mais um ano, o sexto, «da grande movimentação democrática que travou a decisão do Governo em transformar este Forte, o mais odioso símbolo do regime fascista, numa pousada de luxo». «Lutámos e vencemos», salientou, referindo que aquele Forte, ainda que inacabado, já é o MNRL. «Todos aguardamos que, nos 50 anos do 25 de Abril, possamos realizar uma grande festa, uma grande jornada na sua inauguração», apelou.

Por seu lado, José Marcelino, ex-preso político, informou que desde 1934 a 1974, ou seja, até à Revolução de Abril, por aquela cadeia passaram mais de 2500 homens e duas mulheres, cujos nomes estão inscritos no Memorial existente no interior da Fortaleza, que na sua maioria eram operários fabris e agrícolas, mas também advogados, médicos, engenheiros e de muitas outras profissões, presos na sua maioria com idades inferiores a 30 anos, número ao qual, no futuro, se vão juntar outros mais, em resultado da continuação das pesquisas que a URAP continua a realizar nos arquivos disponíveis. Terminou, afirmando que o Museu que se está ali a erguer «será uma grande escola de civismo e de cidadania, um grande espaço de formação e de afirmação democrática. É isso que desejamos e todos juntos nunca seremos demais para o defender.»

Aida Rechena fez um breve ponto da situação das obras em curso, que deverão estar concluídas em Abril de 2023 e que, após a instalação de todo o acervo, será inaugurado em 27 de Abril de 2024. Segundo informou a Directora, o acervo do Museu não resulta de coleções privadas, mas da recolha de numerosa informação fornecida por ex-presos políticos e por entidades ligadas à resistência, entre as quais a URAP. Propôs ainda a criação para muito em breve de uma Liga dos Amigos do MNRL.

No final, Marília Villaverde Cabral recordou que faz 60 anos que foi proibido o poema «Abandono», de David Mourão Ferreira, que Amália Rodrigues cantou com música de Alain Oulman (também ele preso político) e que ficou conhecido por Fado de Peniche. Ali, Luísa Basto interpretou-o magistralmente. O momento cultural encerrou com os «Amigos de Abril».

 



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