No Brasil, o ex-presidente e candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva, apoiado por partidos da esquerda e por outras forças democráticas, tem possibilidades reais de vitória logo na primeira volta das eleições, no próximo domingo, 2.

Um estudo do Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), divulgado no início desta semana, revela que Lula, com crescente apoio, tem 48 por cento do total de intenções de voto. A soma das intenções de voto de todas as demais candidaturas é de 44 por cento e, se descontados os votos brancos e nulos, Lula da Silva goza de 52 por cento dessas intenções.

Por sua parte, o actual presidente Jair Bolsonaro, de extrema-direita, surge com 31 por cento de intenções de voto. Vêm a seguir nas sondagens Ciro Gomes (seis por cento), a senadora Simone Tebet (cinco por cento) e outros candidatos com menor expressão eleitoral.

A margem de erro desta sondagem é de dois pontos. Se nenhum dos candidatos obtiver mais de metade dos votos válidos, haverá uma segunda volta, marcada para 30 de Outubro.

Lula da Silva candidata-se apoiado pela coligação Brasil de Esperança, formada entre o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), os Verdes e alargada a outras forças. Apresenta como candidato à vice-presidência Geraldo Alkmin, ex-governador de São Paulo.

«Vi nos olhos do povo
o brilho da esperança»

Nos últimos dias de campanha, a candidatura de Lula da Silva tem insistido em mobilizar os eleitores para votar no ex-presidente e assim definir a vitória na primeira volta. «Estamos a um passo da vitória em 2 de Outubro. Falta um tiquinho, só um tiquinho. Nestes poucos dias que restam, é preciso trabalhar para conquistar o voto de todas e de todos, daqueles que amam a democracia», afirmou Lula da Silva numa acção de campanha realizada em São Paulo, citado por meios de informação brasileiros.

Lula da Silva voltou a realçar na sua intervenção os argumentos de que utilizará o legado e a experiência dos seus dois mandatos presidenciais para fazer mais e melhor. Também apontou os pontos fracos de Bolsonaro, sem citá-lo directamente, ao denunciar «desvios» de recursos financeiros da saúde, da educação e de áreas como o combate à violência contra as mulheres para alimentar o chamado «orçamento secreto».

«Chego à recta final desta campanha feliz como poucas vezes na vida. Porque pude voltar a andar por este país, abraçando, conversando, ouvindo o povo brasileiro. E o que ouvi, e o que vi nos olhos desse povo, foi o brilho da esperança», afirmou Lula.

A presidente do PCdoB, Luciana Santos, apelou aos militantes para reforçarem o contacto com o povo para garantir a eleição de Lula da Silva e dos candidatos comunistas: «É conversando, argumentando, mostrando a justeza das nossas ideias (…). É Lula presidente! E os candidatos e candidatas do PCdoB precisam estar na Câmara dos Deputados para garantir a maioria política, para a retomada da reconstrução nacional. Para isso, nós sabemos que nossos militantes, amigos e amigas, sabem como fazer. É pedir o voto, é o corpo a corpo, é a justeza das nossas ideias e a certeza que nós teremos mais uma vez uma bancada valente para ser consequente nos desafios do Brasil.»

Para além do presidente e do vice-presidente, serão eleitos os governadores dos 26 Estados e do distrito federal de Brasília, 27 senadores, 513 deputados federais e centenas de parlamentares estaduais.

PCP no Brasil

Sandra Pereira, deputada do PCP no PE, estará no Brasil a acompanhar as eleições, num gesto de solidariedade e a convite do Partido dos Trabalhadores (PT). Durante a sua deslocação, terá a oportunidade de se encontrar com responsáveis do PT e do PCdoB. A deputada comunista estará igualmente presente no Seminário Internacional promovido pelo PT.