Gasodutices e outras idiotices
Primeiro foram as sanções. Idiotas. Algumas vozes mais esclarecidas ainda os avisaram de que eram um autêntico tiro no pé. Os autores dos avisos, que não eram comunistas, foram de imediato acusados de putinistas e suspeitos de secretas práticas comunistas. Afinal estavam a ser comedidos. Um tiro no pé não faz tantos estragos. A coisa equivale mais a um saltar a pé juntos para uma trituradora.
O grande capital do sector da produção de energia viu a oportunidade de ganhar triliões e não perdeu a ocasião, ganhou-os. E prepara-se para ganhar mais uns quantos. Outros sectores que puderam especular – como a distribuição – especularam e ganharam também os seus triliões. À custa dos povos, que estão a ser massacrados pelos aumentos de preços, pela inflação, pelo desgaste do valor de salários e pensões. À custa de muitos outros sectores económicos, esmagados pelo aumento dos custos de produção e pela redução de rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas.
Incapazes de apresentarem aos povos qualquer solução para o problema que criaram (e não foi só com a guerra e as sanções; a liberalização do sector energético é uma catástrofe ainda maior), multiplicam a propaganda. E também inventam soluções, não destinadas propriamente a serem implementadas mas destinadas a fingir que algo está a ser feito. No fundo, são simplesmente mais propaganda. O gasoduto de 3000 quilómetros que levaria o gás de Sines para a Alemanha é um belo exemplo de quão longe a imaginação pode ir. Que esta semana, um navio russo tenha abastecido o terminal de Sines é a parte cómica da tragédia a que assistimos.
A propaganda oficial também trata de reduzir qualquer alternativa a «propaganda russa» ou «propaganda comunista». Mas as únicas e sérias soluções são a paz, a cooperação pacífica entre os povos, o desmantelamento das alianças militares e a superação do capitalismo. Tudo coisas pelas quais vale a pena lutar.