O negócio da doença continua ao ataque

Filipe Diniz

Os grandes potentados farmacêuticos continuam vorazes. Em 2021 enviaram ao G7 um relatório: «A missão dos 100 dias para dar resposta a futuras ameaças pandémicas» (12.06.2021). Seguiu-se (19.07.2022) a «Declaração de Berlim», que a Oxfam identificou como «um desavergonhado exercício de passa-culpas por parte de uma indústria que preferiu dar prioridade a lucros obscenos do que à vida humana no decorrer da pandemia. O controlo monopolista sobre vacinas, testes e tratamentos foi uma das mais importantes causas da desigualdade global no acesso a esses meios de salvar vidas.»

A The People’s Vaccine Alliance estimou a dimensão da obscenidade desses lucros: em 2021, a Pfizer, BioNTech e Moderna iriam conseguir entre elas «$34 mil milhões de lucros antes de impostos, o que significa mais de mil dólares por segundo, $65.000 por minuto ou $93.5 milhões por dia.» Evidentemente que, por detrás do «relatório» e do «manifesto» estão essas “biofarmacêuticas”, juntamente com a AstraZeneca, a Johnson&Johnson e a GlaxoSmithKline.

Coerentemente, dirigem-se ao G7. Todavia, os actuais pergaminhos sanitários desse polo capitalista não são brilhantes: com excepção do Japão, têm das mais altas taxas de mortes Covid19 por milhão de habitantes. Compare-se por exemplo a taxa EUA com a de países que “sanciona”: é o dobro da do Irão, 15 vezes a da Venezuela, quase cinco vezes a de Cuba. E, se se compararem as taxas G7 com as da esmagadora maioria dos países africanos (onde a taxa de vacinação raramente supera os 30%) a diferença é abismal. Dá que pensar.

Como dá que pensar a recente declaração pelo director da OMS - contra a opinião do respectivo Comité Assessor (ao que parece, 6 dos 9 membros discordam) - da varíola do macaco como «emergência internacional de saúde pública». Andarão aqui mais “lucros obscenos” em perspectiva?

 



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