Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU acordam trânsito de cereais e fertilizantes

Rússia, Ucrânia, Turquia e Nações Unidas chegaram a acordo para o estabelecimento do trânsito de cereais a partir de portos ucranianos e para a eliminaçãodos condicionamentos colocados pelas sanções dos EUA e da UEàexportação decereais e fertilizantes da Rússia.


Há que prosseguir o caminho da negociação com vista à solução política do conflito

Representantes da Rússia, Ucrânia, Turquia e Nações Unidas assinaram no dia 22, em Istambul, um acordo para garantir a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro e para terminar com os condicionamentos impostos pelas sanções dos EUA e da UE à exportação de cereais e fertilizantes da Rússia.

Fica assim demonstrado que, por mais difíceis que possam parecer, a mediação, o diálogo e a negociação são não apenas necessários e possíveis como o único caminho a trilhar para garantir uma solução política para o conflito e alcançar a paz. Mas não é essa a opção dos EUA, da UE e da NATO, que há muito alimentam – e continuam a fomentar – o discurso do ódio, da instigação da guerra e do agravamento da confrontação.

Este compromisso foi alcançado apesar da resistência do governo ucranianoem incluir nos acordos o fim da imposição dos condicionamentos à exportação de cereais e fertilizantes russos. O mesmo se passou com os EUA e a UE, que embora negassem hipocritamente a existência de sanções directas à exportação de cereais e fertilizantes russos, foram obrigados não só a admitir a existência de efectivos condicionamentos a estas exportações, como a levantar as dificuldades colocadas ao transporte, obtenção de seguros e viabilidade de pagamento de cereais e fertilizantes russos que resultavam das sanções que eles próprios impõem.

Foi assim possível, pelo diálogo e negociação, assegurar o levantamento dos obstáculos, impostos pela guerra e pelas sanções à chegada de cereais e fertilizantes tão necessários a um conjunto de países, nomeadamente de África, Médio Oriente ou Ásia.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, o seu homólogo turco, Hulusi Akar e o secretário-geral da ONU, António Guterres, por um lado, e o ministro ucraniano das Infra-estruturas, Alexander Kubrakov, e de novo Hulusi Akar e António Guterres, por outro, assinaram dois acordos que se associam e que visam assegurar estes objectivos.

Embora secundarizado, ou até mesmo silenciado, pela generalidade dos meios de comunicação ditos «ocidentais», os convénios estipulam, entre outros importantes aspectos, o empenho das Nações Unidas na eliminaçãodoscondicionamentos à comercialização de cereais e fertilizantes da Rússia para países que se viam até aqui impossibilitados de os importar.

Monitorização e concretização
O acordo prevê a criação de um corredor para a saída de navios dos portos ucranianos de Odessa, Yuzhni e Chernomorsk. As operações serão supervisionadas a partir de um centro de coordenação, sob a direcção da ONU, criado em Istambul, com a participação de representantes das quatro partes signatárias.

Os navios que se dirigirem aos portos ucranianos serão submetidos a inspecções por um grupo de peritos da Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU. Nos pontos de embarque, inspectores da Ucrânia, Turquia e Nações Unidas supervisionarão as operações de carga.

Possíveis incidentes serão resolvidos por uma comissão quadripartida, durante os 120 dias de vigência do acordo. Este prazo poderá ser prorrogado se as partes assim o entenderem.

Exportação de cereais «sem obstáculos»
Não há obstáculos à exportação de cereais ucranianos a partir do porto de Odessa, afirmou na segunda-feira, 25, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, em Brazzaville, no início de uma visita à República do Congo, no âmbito de um périplo por África.

«O terminal de cereais do porto de Odessa está a uma distância considerável da parte militar, não há nenhum obstáculo a que os cereais comecem a ser exportados para os mercados, tal como estipulam os acordos assinados em Istambul», enfatizou.

Explicou que as obrigações do seu país no quadro dos acordos assinados com a Ucrânia, com o patrocínio da Turquia e da Organização das Nações Unidas, não incluem «nada que nos proíba de continuar a operação especial militar destruindo a infra-estrutura bélica e outros objectivos militares», incluindo em Odessa.

Lavrov acusou os países ocidentais de terem aprendido a «apresentar todas as notícias de maneira tergiversada e de tal forma que se possa usar contra a Rússia».

Anteriormente, em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que o ataque das forças russas contra a infra-estrutura militar no porto de Odessa não deve ser usado como pretexto para a não exportação dos cereais ucranianos. A acção, insistiu, «centrou-se exclusivamente na infra-estrutura militar» e «não tem nada a ver com as áreas a utilizar para cumprir com os acordos assinados em Istambul para exportar cereais».

 



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