Santarém: desenvolver o distrito e o País Um PCP mais forte

Rui Fernandes (Membro da Comissão Política)

À medida que os anos passam, as marcas da política de direita sulcam o distrito de Santarém, como o País. Um distrito que se tem vindo a retalhar em função de uma política de geometria variável e de interesses espúrios ao seu próprio desenvolvimento.

Sendo inegável o potencial da região em diversos domínios, desde logo os ligados à produção agrícola, o que se tem vindo a assistir é à sua fragilização. Olhe-se para o território das freguesias de Almeirim e Benfica do Ribatejo, que em 1995 era ocupado em cerca de 35% por vinha, rondando hoje cerca de 25%.

Em vez do reforço no investimento produtivo e o estímulo aos sectores económicos que constituem potencialidades, e podem desempenhar um papel central para a soberania do País em diversos domínios, as políticas desenvolvidas têm vindo a acentuar as vulnerabilidades. Tem imperado, ano após ano, não a defesa da produção nacional, mas os encerramentos, desmantelamentos, falências e insolvências, com o «contributo», nestes anos mais próximos, da epidemia sobre as MPME e, no plano nacional, as entregas ao grande capital de sectores estratégicos. Neste processo, fileiras produtivas foram interrompidas (o fecho da DAI-Coruche é um exemplo). A pressa do Governo no encerramento da Central do Pego, no seguimento da de Sines, é só mais um exemplo que somou problemas sociais e acrescentou dependências nacionais.

Este processo foi acompanhado no distrito, e no País, do encerramento de serviços públicos (tribunais, cerca de 600 escolas nos últimos 25 anos, dependências bancárias, etc). O abnegado esforço dos profissionais de saúde do SNS, soçobra perante a escassez de meios humanos e materiais (em Alcanena cerca de 63% da população não tem médico de família, na Golegã a caminho dos 66% e em Salvaterra 75%). A manutenção das portagens e os cortes de circuitos de transporte rodoviário, é gerador de um crescente isolamento de parte considerável da população. Como se fixa a juventude nestas circunstâncias? Quantos jovens se matriculam no ensino superior e desistem? Como é garantido o acesso das populações ao lazer, à cultura ou a serviços essenciais? De táxi? Acresce, que pairam nuvens de preocupação por o plano ferroviário em desenvolvimento dar mais uma forte machadada para o isolamento do distrito, onde predomina o crescente despovoamento (os censos indicam que o distrito perdeu mais cerca de 27 mil habitantes), com excepção do concelho de Benavente, onde o PS e o PSD vão concertando o ataque à gestão CDU, sem pudor pelas responsabilidades que têm no estado em que o distrito e o País se encontram. Olhe-se para o Médio Tejo, onde se prepara o aumento do custo da água às populações de mais de 20%, com a marca d’água do PS e do PSD.

Mais intervenção, mais luta, mais Partido

Foi a persistente acção do Partido que conquistou a construção de uma residência universitária na Escola Superior de Desporto em Rio Maior ou a classificação das minas de sal no mesmo concelho, entre outros exemplos. No quadro de uma campanha antidemocrática com um forte e repugnante pendor anticomunista, reforçados são os desafios que se colocam à intervenção do Partido. Com confiança, determinação e tenacidade, construindo Partido e construindo a resposta que os trabalhadores e as populações dele esperam, honrando a sua centenária história que tem no distrito tão impressivos exemplos de determinação e coragem, de que é exemplo a luta pelas 8 horas, cujo os 60 anos sobre o 1.º de Maio de 1962 no Couço (Ponte da Caleira) este ano se assinalam e antecedeu a sua vitoriosa consagração.




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