Previsões
E se ninguém comparecesse à Cimeira das Américas, marcada para o período de 6 a 10 de Junho, em Los Angeles? A questão foi colocada há dias pelo sítio norte-americano Político e espelha o clima de tensão que se vive no continente americano.
Trata-se naturalmente de uma pergunta retórica, destinada a suscitar a reflexão sobre as eventuais consequências de excluir do conclave Cuba, Venezuela e Nicarágua. A decisão, da responsabilidade de presidente Biden, foi repudiada de imediato por México, Bolívia, Honduras e alguns países do Caribe, que ameaçam boicotar o conclave caso os EUA persistam na prepotente decisão unilateral. Acresce, por outro lado, que também o Brasil e a Argentina ponderam não se fazer representar, por distintas razões, o que a suceder ditaria o fracasso da Cimeira ainda mesmo antes de se realizar.
Habituados a ditar as regras no que desde sempre consideram ser o seu “pátio das traseiras”, os EUA parecem ter dificuldade em perceber os ventos de mudança que sopram na América Latina desde a crise provocada pela falência do Lehman Brothers, em 2008.
Desde então, e só para citar alguns factos, a China investiu na região qualquer coisa como 200 mil milhões de dólares; organizou em Dezembro último uma cimeira virtual com os ministros dos negócios estrangeiros da região que foi um sucesso; fez uma parceria com a Argentina no âmbito da Nova Rota da Seda, passando a contar com 20 países da região ligados ao projecto; garantiu a presença de Buenos Aires na cimeira virtual dos BRICS – grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, no próximo mês.
Nos jogos de poder pela hegemonia mundial, as peças movem-se. É de esperar turbulência.