Os tontos da Paz

João Frazão

Eu, tonto da Paz, me confesso.

Por muito que isso custe a alguns, por muito que estranhem, por muito que isso lhes revolva as entranhas, por muito que ponha em causa os sentimentos pequeninos de quem não consegue pensar para lá das ordens e das indicações do Pentágono, eu vou continuar a dizer, vezes sem conta, todas as vezes que forem necessárias, e sabemos que são muitas, que o único caminho é o da Paz.

Por muito que alguns revelem fetiches, mais ou menos esquisitos, por tal ou tal palavra, por mais vezes que nos instiguem, nos intimem, nos imponham que digamos essas palavras que pensarão feiticeiras, nós sabemos que a única que importa é a palavra PAZ.

O que para mim é estranho, inquietante, mas também revelador dos tempos em que estamos, que mostram bem, como nos ensinou Marx, que as ideias dominantes são, em cada momento, as ideias das classes dominantes, é que alguns não se inquietem por o presidente de uma nação que está em guerra fazer um discurso sobre a situação desse país sem fazer um único apelo à Paz, sem falar do cessar-fogo e do diálogo.

Pela nossa parte, apesar do pensamento único e até mesmo da palavra única que nos querem impor, e que alguns, pelos vistos, aceitam, continuaremos a gritar Paz sim, Guerra não.

Até porque não é a justa e coerente posição do PCP que está à prova. O que, evidentemente, não funciona é a posição beligerante, agressiva e armamentista de todos os que vêem morrer inocentes nesta guerra, mas apenas pedem e oferecem mais armas, apenas requerem mais destruição, apenas sonham com mais dor, com mais sofrimento.

Não resisto a parafrasear Gedeão, no seu notável poema para Galileu, quando dizia que pedem-nos, que juremos que nunca mais repetiremos, nem a nós mesmos, na própria intimidade do nosso pensamento, livre e calmo, aquelas abomináveis heresias, que ensinamos e escrevemos, para eterna perdição da nossas almas..., enquanto eles, do alto inacessível da suas alturas, vão caindo, caindo, caindo, caindo, caindo sempre, e sempre, ininterruptamente, na razão directa dos quadrados dos tempos.

E nós, os tontos, cá continuaremos a lutar pela Paz.




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