Carências alimentares

Margarida Botelho

Na passada sexta-feira, o PCP levou à Assembleia da República dez iniciativas legislativas para responder ao aumento do custo de vida. Dez projectos com soluções concretas para os problemas nas áreas da electricidade, dos combustíveis, do gás, para defender a soberania alimentar, aumentar a produção de cereais, melhorar a cadeia agro-alimentar, apoiar a produção agrícola e a pequena pesca.

A edição em papel do Expresso do mesmo dia titulava na primeira página que a «DGS admite aumento de carências alimentares». Nas interiores, o desenvolvimento: entre 23 de Fevereiro e 20 de Abril, o peixe aumentou 18,6%, a carne 13%, a fruta e os legumes mais 4,6%. O preço do cabaz alimentar que o Expresso divulga semanalmente em parceria com a Deco aumentou 9,4% no mesmo período.

A peça cita um estudo da Universidade Nova para afirmar que as famílias mais pobres gastam um quinto do rendimento em alimentação. A presidente da Cáritas afirma que «a situação está a degradar-se de dia para dia» e a Direcção-Geral de Saúde admite reactivar o sistema de monitorização que existiu entre 2011 e 2014 no Serviço Nacional de Saúde, com uma rede de enfermeiros que avaliavam nos centros de saúde o nível de carências alimentares da população (aliás, para os mais esquecidos, vale a pena reter a afirmação com que a peça termina: «durante aquele período de forte crise, cerca de metade das famílias inquiridas aleatoriamente estavam em situação de insegurança alimentar»).

Com uma situação tão preocupante que até o jornal Expresso se vê obrigado a tratar, poder-se-ia imaginar que a discussão sobre as propostas do PCP para combater o aumento do custo de vida suscitaria o interesse dos outros partidos e da comunicação social. Só que não.

O conjunto de propostas do PCP foi chumbado com os votos contra e as abstenções do PS, do PSD, da IL, do Chega e do PAN, em conjugações ligeiramente variáveis.

Ou seja: não querem aumentar os salários, não travam o aumento do custo de vida, aplaudem mais gastos militares, sanções e armas. Não é difícil perceber quem querem que pague a factura e quem vai ter que ir a luta por uma vida melhor e pela paz.




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