Associação Gagárin debateu urgência da paz na Ucrânia

Ao convite da Associação Iúri Gagárin para a sessão-debate sobre «a situação na Ucrânia e a urgência da paz», no dia 9,responderam mais de três dezenas de pessoas e quase metade tomaram a palavra.

Os povos da URSS respeitavam a memória da guerra, na defesa da paz

Logo a abrir a sessão, realizada na Livraria em Lisboa, foi assinalado que se trata de uma situação «extremamente dolorosa». A expressão usada por Lurdes Gonçalves, que dirigiu os trabalhos. Referiu-se a quem, como ela, se formou em estabelecimentos de ensino nas várias repúblicas da União Soviética e, hoje, tem amigos na Ucrânia e na Rússia, a sofrerem com o conflito militar, a destruição e a morte, mas também com a muito violenta «guerra da informação».

O presidente do Conselho Directivo da associação recordou que esta, até 1992 denominada Associação Portugal-URSS,mantém nos seus objectivos a ligação a todos os povos dos países que constituíam a União Soviética. Levy Baptista admitiu que hoje a situação é difícil e dolorosa para a generalidade dos associados e amigos, que conheceram a forma como os povos da URSS respeitavam a memória da guerra e afirmavam o seu empenho na defesa da paz.

Perante uma «avalanche de informação, proveniente de uma banda só», defendeu a necessidade de «conversar e informarmo-nos uns aos outros, para destrinçar o trigo do joio».

A sublinhar a dificuldade de apurar verdades, com base em pontos de vista e fontes diferentes, Levy Baptista contou como, em finais de Janeiro, gravou para a RTP uma entrevista de quase uma hora. No entanto, acabaram por ser usadas duas ou três frases, como «um ramo de salsa», para exibir uma conversa extensa com um ucraniano ligado à embaixada e que promoveu, em 2019, um acto provocatório de cariz neo-nazi, na Festa da Vitória e da Paz, em Lisboa.

Pela solução pacífica

«Já não devia haver necessidade de guerras», nos dias de hoje, e o conflito na Ucrânia «poderia ter sido resolvido de forma pacífica, com o cumprimento dos acordos firmados», comentou o coronel Baptista Alves, evocando a Constituição, que defende a resolução pacífica dos conflitos entre estados.

O dirigente da Associação Conquistas da Revolução disse que subscreve as intervenções públicas de alguns militares, que «puseram as coisas a claro», e observou que«há quem mostre interesse em que se generalize o conflito».

Uma vez que, numa situação como esta, a informação disponível «nunca é totalmente fidedigna», Baptista Alves defendeu que é preciso aceder a fontes diversificadas.

Recordou como a NATO, depois do fim da URSS, «foi cercando a Rússia». Para esta, a entrada da Ucrânia na NATO seria inaceitável, como «uma arma apontada à cabeça». Nas intervenções seguintes, foram evocados episódios das lutas de defensores da paz contra os bombardeamentos da NATO à Jugoslávia. Ficou sublinhado que o caminho para a paz não se faz com mais armas e que maiorias não sufragam justiça.

Combater o «pensamento único» ou colocá-lo em causa provoca respostas como «és apoiante do Putin», tal como «também me disseram que era apoiante do Sadam Hussein», quando da guerra no Iraque.

Dito que «a mentira é a maneira de prolongar a guerra», seguiu-se a observação de que «quem vende as armas é quem, depois, vende as notícias».

Contra «uma mentira constante», que descredibiliza a comunicação social e banaliza o recurso à guerra, é necessário «prosseguir o esforço de esclarecimento e de oposição à guerra», sendo referidos exemplos positivos.

Houve mesmo quem admitisse que «estou a dar em maluco», neste esforço de conhecer e compreender, deparando-se com tantas e tão gritantes incongruências e deturpações.

«A guerra não tem nexo», concluiu Lurdes Gonçalves, que antes falara sobre a sua experiência de voluntariado, como médica, no apoio a imigrantes de Leste, na primeira leva, há cerca de duas décadas, e agora, no apoio a refugiadas que chegam da Ucrânia.




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